11 + 1 Vítimas – Por quem a cidade está de luto?

11 + 1 Vítimas – Por quem a cidade está de luto?

É comum que os cariocas acordem um pouco sobressaltados. Afinal lá se vão décadas de notícias envolvendo conflitos violentos graves, com um número de mortes equivalente ou até superior ao noticiado em coberturas de guerras ao redor do mundo. Além disso, é difícil imaginar um carioca que não tenha vivenciado de perto um episódio de conflito violento na sua cidade, de maior ou menor gravidade. Ou que conheça um amigo que tenha uma história de um parente que sofreu um ato de violência. E que sempre deixou marcas profundas, tanto na própria vítima quanto em seus amigos e familiares. Marcas que se perpetuam e lembranças ruins que são constantemente revividas.

Quinta-feira, porém, a notícia foi diferente, mais impactante, chocante e assustadora. Os cariocas se surpreenderam com a violência ocorrida em uma escola de ensino fundamental no bairro de Realengo.

Não há dor maior que a perda de um filho. Não há nada mais arrepiante do que o desespero de uma mãe sobre o corpo sem vida daquele para quem ela ajudou a dar a vida.

Em momentos como este as reações são de revolta e desespero, tristeza e desesperança. Como isso pode acontecer? O que pode explicar uma tragédia como esta?

Para os pais, familiares e amigos nenhuma explicação será convincente e nada poderá diminuir a dor. Poucas são as palavras capazes de trazer algum conforto em situações como esta.

Para os gestores e para os responsáveis pela lei e a ordem, o entendimento da situação é fundamental e precisa percorrer um caminho diferente. Não sem emoção, já que é impossível não se envolver com tamanha tragédia. Mas com a responsabilidade de ampliar a avaliação, não tentar encontrar um único culpado, não optar por uma solução simples e reduzida, diante de um fenômeno tão complexo como a violência. Discutir o problema focalizando uma única pessoa desesperada e em sofrimento profundo parece um caminho, no mínimo, imaturo e irresponsável.

Não se tem notícia no passado recente do Rio de Janeiro ou do Brasil de um episódio como este que, no entanto, costuma ser noticiado na mídia norte-americana com uma freqüência mais do que lamentável. Às autoridades cabe a busca por explicações, cabe levantar um debate sério para que possamos entender o que está nos aproximando de sociedades onde este tipo de crime hediondo costuma ocorrer.

Vamos chorar pelas vítimas, pelas crianças que perderam a vida, por suas famílias e amigos. E vamos chorar pelo rapaz de 24 anos. Vamos chorar por todas as vítimas.

Anna Tereza Miranda Soares de Moura

Presidente do Comitê de Segurança da SOPERJ