12. DOR TORÁCICA NO AMBULATÓRIO DE CARDIOLOGIA PEDIÁTRICA: ESTUDO RETROSPECTIVO

Autor:Soares, E; Matos Jr., W; Zayen, E..

Hospital Central da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro RJ.
Introdução: A dor torácica (DT) é queixa comum no atendimento da criança, sendo referida ao cardiologista pediátrico para investigação diagnostica. Objetivo: Relatar as características cardiológicas das crianças com DT em sua primeira consulta no ambulatório especializado. Metodologia: análise retrospectiva dos prontuários ambulatoriais de crianças atendidas pela primeira vez, no período de abril de 1998 a julho de 2002, caracterizando a dor, as alterações ao exame físico e em exames complementares. Resultados: das 397 crianças atendidas pela primeira vez no ambulatório de cardiologia pediátrica, 46 (11,6 %) apresentavam como queixa principal a DT A idade das crianças variou de 2 a 15 anos, 19 (41,3 %) do sexo masculino e 27 (58,7 %) do sexo feminino. Observou se que 35 crianças (76 %) apresentavam a dor a mais de um mês, 38 (82,5 %) durava menos de 5 minutos, 41 (89,2 %) era de fraca intensidade, 39 (84,8 %) sem relação com o esforço físico, localização precordial em 45 (98 %) e com melhora espontânea em 45 (98 %). Sintomas associados tais como taquicardia, dispnéia, palidez, sudorese, vômitos, tontura e sonolência ocorreram em 43,5 % das crianças. A dor não teve impacto nas atividades rotineiras em 100 % das crianças, 26 (56,5 %) apresentavam outro tipo de dor crônica associada, tais como cefaléia, dor abdominal e dor em membros inferiores, isoladamente ou associadas. O exame físico cardiológico foi normal em 29 (63 %) crianças, 17 (37 %) apresentavam sopro, todas apresentavam freqüência cardíaca, freqüência respiratória e pressão arterial sistêmica normais. O eletrocardiograma foi completamente normal em 35 (81,3 %) crianças, demonstrou bloqueio de ramo direito em 5, bloqueio de ramo esquerdo em 1, síndrome de Wolf Parkinson White em 1 e marca passo atrial migratório em 1 criança. O ecocardiograma (ECO) foi normal em 41 (95 %) crianças e em 2 (5 %) demonstrou discreto prolapso de válvula mitral, sem disfunção valvular. Três crianças não realizaram o ECO. A DT só foi relacionada à alteração cardíaca em 1 (2,2 %) criança portadora de síndrome Wolf Parkinson White que também apresentava episódios de taquicardia paroxicística supra ventricular freqüentes. Conclusão: a DT é um sintoma benigno em crianças atendidas no ambulatório de cardiologia pediátrica. Apesar da necessidade da avaliação do especialista, a DT raramente decorre de alterações cardíacas.

Fonte:Revista de Pediatria SOPERJ – Ano 4 – nº 1 – Janeiro a Junho de 2003