18. PERFIL DOS CASOS QUE ABANDONARAM O ACOMPANHAMENTO NUM SERVIÇO DE ATENÇÃO A VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA: RESULTADOS PRELIMINARES

Autor:Vidal, M.A., Novaes, FL.L., Ribeiro, GMQ, Gonçalves, H.S. & Ferreira, A.L.

Ambulatório da Família IPPMG/UFRJ Rio de Janeiro
Introdução: O serviço estudado atende crianças vitimas de violência desde 1996. A equipe notava um certo percentual de abandono do acompanhamento, tendo-se constatado recentemente que tal índice chegava a 63,3 % das crianças vitimas de violência sexual atendidas e a 40 % dos casos em geral. Objetivos: conhecer o perfil dos casos que abandonaram o acompanhamento, reavaliar a situação clínica e social de cada criança e traçar estratégias para diminuir o índice de abandono. Metodologia: foram chamados para entrevista, entre novembro de 2002 e fevereiro de 2003, os responsáveis por 135 pacientes que haviam abandonado o serviço há pelo menos seis meses, até junho de 2002. Todos os prontuários foram revistos, sendo entrevistados os 32 responsáveis que compareceram. Resultados: após o abandono do serviço, 64,2 % dos pacientes não mantiveram qualquer vínculo com a instituição; 73,5 % dos responsáveis entrevistados relatavam que as crianças mantinham contato com o abusador, sendo que 50 admitiam a continuidade do abuso; apenas 12,1 % mantinham atendimento psicológico; 17,6 % tinham algum tipo de apoio social; 11,8 % tinham acompanhamento do Conselho Tutelar e 8,8 % recebiam acompanhamento de alguma instância judiciária; 75 % das crianças haviam abandonado o acompanhamento até a 3a consulta e 90 % até a 5a consulta. Na amostra estudada não foi constatada relação entre o abandono e idade ou o sexo do paciente, o tipo de abuso e o fato do caso estar ou não notificado ao Conselho Tutelar. Conclusões: é procedente a preocupação da equipe em relação às famílias que deixam de comparecer ao atendimento sem ter recebido alta, uma vez que a maioria mantém-se sem qualquer tipo de assistência em outras instâncias e sem a resolução da situação abusiva. Tendo em vista que características próprias das vitimas ou do abuso sofrido não mostraram relação direta com o abandono do serviço, foi necessário buscar outros motivos para a interrupção do acompanhamento, o que foi feito através da entrevista e está descrito em outro trabalho.

Fonte:Revista de Pediatria SOPERJ – Ano 4 – nº 1 – Janeiro a Junho de 2003