Alerta a Respeito da Conduta com Criança com Forte Suspeita de Diabetes Mellitus Tipo 1

A apresentação típica é uma história, muitas vezes com menos de 1 mês de evolução, de poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento. Existem formas de apresentação mais insidiosas de aparecimento da doença, as quais são menos frequentes, caracterizadas
por letargia, fadiga e emagrecimento.
A cetoacidose diabética representa 25% das manifestações iniciais do diabetes na criança, podendo manifestar precocemente de forma leve, com vômitos, poliúria e desidratação. Nos casos mais graves, o hálito tem odor de acetona, a respiração tem um padrão próprio (Kussmaul), podendo haver dor abdominal e alteração do estado de consciência, até coma.

O que fazer em caso de suspeita de diabetes
Perante a presença dos sintomas clássicos da doença (poliúria, polidipsia e emagrecimento), a criança deverá ser prontamente avaliada pelo médico, o qual deverá solicitar os seguintes exames para diagnosticar o diabetes:

1)   Nível aleatório de glicose sanguínea (sem jejum)
–  resultado igual ou superior a 200 mg/dl faz o diagnóstico de diabetes.
2)   Nível de glicose no sangue em jejum – o diabetes é diagnosticado se o nível é maior ou igual a 126 mg/dl em duas ocasiões. Nível de glicose maior ou igual a 200 mg/dl 2 horas após a ingestão de um soluto com 75g de glicose dissolvida em água (1,75g/kg, se o peso da criança for inferior a 18kg) também faz o diagnóstico.
3)   Nível de glicose no sangue maior ou igual a 100 e menor que 126 mg/dl – classificamos como glicemia de jejum alterada ou pré-diabetes. Esses níveis são vistos mais como fatores de risco para diabetes tipo 2 e suas complicações.
4)   A prova de tolerância oral à glicose não é realizada de rotina, estando reservada para situações de forte suspeita clínica com glicemia de jejum normal ou quando a glicemia de jejum é maior ou igual a 100mg/dl e inferior a 126 mg/dl. Esse teste é mais usado para diabetes tipo 2.
5)   Teste de hemoglobina glicada A1C –  tem sido usado para ajudar os pacientes a monitorar a qualidade do controle dos níveis de glicose no sangue. Em 2010, a Associação Americana de Diabetes recomendou que este teste fosse utilizado como mais uma opção para diagnosticar o diabetes e identificar o pré-diabetes. Os níveis indicam:
Normal: < 5,7%
Pré-diabetes – entre 5,7% e 6,4% Diabetes: ≥ 6,5% ou mais

Conclusão
O diagnóstico de diabetes é estabelecido, na maioria das vezes, pela presença dos sintomas clássicos de poliúria, polidipsia e perda de peso inexplicável, acompanhada por aumento da glicose no sangue. Infelizmente, 25% a 40% dos casos na infância só são diagnosticados diante de um quadro grave de cetoacidose diabética, especialmente em crianças menores de 4 anos de idade, aumentando, com isso, a morbimortalidade da doença. É muito importante que o pediatra pense em diabetes para que seja feito o diagnóstico e instituído o tratamento precocemente.