Alimentação Saudável na Infância

O mês de outubro também é de conscientização da alimentação saudável. A data oficial que marca o Dia Mundial da Alimentação é 16 de outubro. Ela foi instituída em 1981, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, para uma reflexão sobre a fome, a desnutrição, a obesidade, a qualidade dos alimentos etc.

 

Neste ano, o tema escolhido foi “Nossas ações representam nosso futuro: dietas saudáveis para um mundo fome zero”, afirmando a relação entre garantia de segurança alimentar e nutricional e sustentabilidade na produção de alimentos e qualidade no seu consumo.

A Dra. Maria Carolina de Pinho Porto, membro do Departamento de Nutrologia da SOPERJ, presidido pela Dra. Mônica Moretzsohn, explica que entende-se por segurança alimentar uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente. Essa realidade, infelizmente, não é vivida por uma grande parte da população brasileira e mundial.

A SOPERJ aproveita a data para abordar questões importantes sobre o assunto e destacar as principais orientações de alimentação na infância.

Dra. Carolina destaca alguns dados importantes sobre o consumo de produtos industrializados por crianças e adolescentes. Segundo ela, dados do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), de 2017, mostram que os adolescentes acompanhados pela atenção básica de saúde, no Brasil, estão se alimentando mal.

 

  • 55% deles consumem produtos industrializados regularmente, como macarrão instantâneo, salgadinho de pacote ou biscoito salgado.
  • Além disso, 42% desses jovens ingerem hambúrguer e/ou embutidos; e 43% biscoitos recheados, doces ou guloseimas.
  • Isso reflete diretamente no aumento do índice de adultos obesos no nosso país, onde mais da metade da população está acima do peso, e a obesidade atinge um a cada cinco pessoas, segundo dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (Vigitel), de 2018.

 

Orientações alimentares nas diferentes fases da vida

Até o sexto mês de vida

 

A pediatra esclarece que a formação do paladar do adulto inicia-se na época intrauterina, a partir da alimentação da gestante. Ele passa pelos sabores ofertados ao lactente através do leite materno e culmina com a introdução de alimentos diversos a partir do sexto mês de vida, quando se inicia a alimentação complementar.

É importante o incentivo à amamentação, ressalta a médica. Ele deve ser cada vez maior por parte dos profissionais da saúde, pois são eles que levam aos pais as orientações adequadas e o apoio necessário para o aleitamento materno, até que a criança complete dois anos ou mais.

A partir do sexto mês de vida é fundamental que haja a introdução de frutas e alimentos de diversos grupos como carnes e ovos, leguminosas, hortaliças, cereais e óleos vegetais, compondo assim as primeiras refeições ofertadas ao lactente, sem esquecer a manutenção do aleitamento materno e respeitando a aceitação da dieta por parte do bebê.

Dra. Carolina alerta que as crianças expostas precocemente a alimentos ultraprocessados, ricos em sal e açúcar, terão maior dificuldade em aceitar comidas saudáveis, já que estas não possuem sabor tão acentuado quanto os industrializados. “A orientação aos familiares sobre a importância da oferta do alimento – na consistência e quantidade adequadas – é fundamental, já que esse é um período crítico para o crescimento, desenvolvimento e formação de bons hábitos alimentares.”

Período pré-escolar e escolar

Durante o período pré-escolar e escolar, a especialista destaca que os desafios são outros: as crianças ganham mais autonomia sobre o que desejam ou não comer; elas buscam o seu alimento, sendo uma fase de transição importante e perigosa para o desenvolvimento de seletividade alimentar; entre outras dificuldades.

“O estímulo à alimentação saudável deve partir da família, através do exemplo dos pais ou cuidadores e, também, pela criatividade na hora da elaboração dos cardápios. É importante estimular sempre o consumo de alimentos coloridos e caseiros, ofertados em ambiente agradável, longe de telas ou brinquedos.”

Dra. Carolina destacou, também, que os números da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE) apontam que 7,8% dos adolescentes das escolas, entre 13 e 17 anos, estão obesos, sendo o índice maior entre os meninos (8,3%) do que nas meninas (7,3%). No SISVAN, os dados revelam que 8,2% dos adolescentes de 10 a 19 anos, atendidos na Atenção Básica, em 2017, são obesos.

A médica finaliza ressaltando a importância do papel do pediatra no acompanhamento da alimentação desses pacientes. “Diante desses números assustadores, é fundamental a orientação do pediatra sobre os riscos à saúde que uma alimentação inadequada pode trazer. Além da obesidade, ela está associada a alguns tipos de câncer, diabetes tipo 2 e até doenças vasculares.”