Brasil registra anualmente 12.500 novos casos de câncer infantil

Médicos, profissionais da saúde e pais precisam se unir para ajudar a reduzir essa estatística com medidas preventivas

A cada ano são esperados no Brasil 12.500 novos casos de câncer infantil de acordo com as últimas estimativas de câncer do INCA. A doença é a segunda maior causa de morte na faixa etária entre 1 e 19 anos, só perdendo para causas externas. Se considerarmos somente as mortes causadas por doenças, o câncer ocupa o primeiro lugar no ranking de mortalidade. Leucemias e os tumores de Sistemas Nervosos Central foram as duas principais causas de morte pela doença entre 2009 e 2013, em meninos e meninas.  O dia 23 de novembro, Dia Nacional de Prevenção ao Câncer Infantil, é uma oportunidade para falarmos da importância do acompanhamento médico periódico, principalmente na adolescência, quando a visita ao médico se torna menos frequente, para o diagnóstico precoce da doença.

Quais são os principais alertas que devem ser feitos aos pais?

Os sintomas do câncer em crianças e adolescentes são parecidos com os de outras doenças pediátricas, por isso seu diagnóstico não é simples. Pais e médicos precisam estar atentos à frequência dos sintomas e às queixas da criança entre uma consulta e outra. É comum que a criança retorne várias vezes ao médico até que se chegue ao diagnóstico de câncer.  Diferentemente dos cânceres em adultos, no caso das crianças ainda não existe consenso sobre fatores de risco diretamente associados à doença.

É fundamental que pais e cuidadores ouçam as queixas das crianças cuidadosamente. Sangramentos, dores ósseas, palidez ou massa no abdômen são alguns dos sintomas para diferentes tipos de câncer. Por serem sintomas muito parecidos com os de outras doenças na infância, pais, cuidadores e médicos precisam estar atentos. Outro ponto é que a consulta periódica ao pediatra é de extrema importância. Principalmente na adolescência, quando a visita ao médico se torna menos frequente, é muito importante que ela seja mantida também nessa faixa etária. Por fim vale lembrar da atualização da caderneta de vacina também nessa fase: meninos de 11 a 14 anos e meninas de 9 a 14 anos devem tomar as vacinas de HPV por se tratar de uma importante ferramenta na prevenção do câncer de colo de útero, entre outros.

O Instituto Desiderata é uma organização sem fins lucrativos que há 16 anos trabalha para a melhoria da saúde pública, com foco em crianças e adolescentes acometidos por câncer ou obesidade, no Rio de Janeiro.

Considerando a importância dos profissionais de saúde para o diagnóstico precoce, capacitamos médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde da Atenção Primária para a identificação dos sinais e sintomas da doença.  Por ser uma doença rara, o médico na Atenção Primária ou o pediatra no consultório verá poucos casos de câncer em sua vida profissional, então é preciso relembrá-lo de que aquele sintoma pode ser de uma doença oncológica. Os outros profissionais embora não façam diagnóstico também são importantes aliados no acompanhamento das crianças.

Além da capacitação, produzimos materiais de alerta sobre os sinais e sintomas da doença e enviamos anualmente para as unidades de saúde da Atenção Primária, para médicos e enfermeiros no município do Rio de Janeiro indicando possibilidades de diagnósticos não oncológicos e de diagnósticos oncológicos, assim como quais são os principais exames que devem ser realizados.

Todo esse trabalho faz parte de uma estratégia de promoção do diagnóstico precoce do câncer infantil chamada Unidos pela Cura. Considerando que o diagnóstico precoce é um importante fator para aumentar as chances de cura, o foco dessa ação é que crianças e adolescentes iniciem em até 72 horas a investigação diagnóstica em hospital especializado. Liderada pelo Desiderata, o Unidos pela Cura é uma iniciativa concebida e gerida em parceria com hospitais especializados, gestores do SUS e organizações da sociedade civil. Saiba mais em www.unidospelacura.org.br

 

LAURENICE PIRES

GERENTE DE SAÚDE – DESIDERATA