COMBATE À FEBRE REUMÁTICA PREOCUPA PEDIATRAS DO RIO

Pais precisam valorizar a dor de garganta da criança e averiguar os reais motivos dela

 

A febre reumática é a causa mais comum de doença cardíaca adquirida na infância no Brasil e em outros países em desenvolvimento como o nosso. Estima-se que, no Brasil, surjam 30 mil novos casos por ano.  Suas manifestações mais evidentes são a dor intensa e a inflamação nas articulações, mas podem ocorrer febre, alterações cardíacas e neurológicas, às vezes muito graves. Mesmo quando as manifestações agudas não parecem tão graves, a doença pode causar uma lesão permanente no coração das crianças, que pode comprometer toda a sua vida.

Segundo Andrea Valentim Goldenzon, presidente do Grupo de Trabalho (GT) em Febre Reumática da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ), “a febre reumática é uma doença que poderia ser muito mais rara se as infecções da garganta fossem tratadas corretamente, o que pode ser feito de forma simples e barata com uma única dose de penicilina benzatina, capaz de erradicar o Streptococcus pyogenes, a bactéria que é o gatilho para o desenvolvimento da doença”.

Uma das razões do tratamento inadequado é o uso corriqueiro de anti-inflamatórios e outros sintomáticos, sem que a causa real da infecção tenha sido identificada. “Isso faz com que muitos pacientes melhorem sem tratamento antibiótico, mas permitindo a persistência da bactéria e a consequente exposição de partes desta bactéria ao sistema imunológico, a causa do surgimento da doença”, explica a médica. Outra causa comum é a interrupção precoce de tratamentos antibióticos orais, que poderiam ser eficazes se utilizados de forma correta, mas frequentemente são interrompidos antes do tempo.

“Precisamos que os pais valorizem a dor de garganta de seus filhos, sempre procurando um médico para avaliá-lo e precisamos que estes profissionais estejam preparados para diagnosticar e tratar a infecção. Essa é uma luta que precisamos vencer”, finaliza a presidente do GT de Febra Reumática da SOPERJ,  Andrea Valentim Goldenzon.