Coqueluche: uma doença reemergente?

Autor:Comitê de Infectologia da SOPERJ – 2010 – 2012

Casos de coqueluche aumentaram no Brasil e na América Latina, segundo as estatísticas da Organização Mundial de Saúde.  No país, segundo os dados do Ministério da Saúde, o nº total de casos em 3.036, de 1997 a 2010. Há ainda uma grande subnotificação e a maioria dos casos não tem confirmação laboratorial, sendo o diagnóstico exclusivamente clínico.

O ressurgimento da doença é explicado, principalmente, pelo aumento do número de casos de coqueluche em adolescentes e adultos jovens, devido a perda da imunidade da vacina após 10 anos.

As crianças que ainda não receberam o esquema vacinal completo (três doses aos dois, quatro e seis meses de idade de  DPT+HiB  e mais 2 reforços aos 15 meses e de 4 a 6 anos com DPT) correm risco de serem contagiadas pelos pais ou irmãos mais velhos. Em recém-nascidos e lactentes de baixa idade, as complicações são mais sérias.  A letalidade abaixo dos seis meses é cerca de 4%.

Há necessidade de disponibilizar os meios de diagnóstico, como cultura e PCR, assim como melhorar o esquema de vacinação no sistema público de saúde.  O meio seletivo de Regan-Lowe é o padrão ouro para o diagnóstico de pertussis. A introdução da vacina dTpa, como reforço aos 14-20 anos, ampliaria a proteção, como já recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria.

Para que haja efetivo controle da coqueluche, além do aumento de cobertura vacinal com esquema completo de vacinação, é necessário que os médicos façam a notificação de casos suspeitos, pois a coqueluche é uma doença de notificação compulsória. Através do conhecimento do caso suspeito e realização de investigação epidemiológica pode-se confirmar o diagnóstico clínico-laboratorial e realizar medidas de controle para os comunicantes.

Enfatizamos a necessidade de proteção, mediante a vacinação dos contactantes de lactentes que ainda não completaram o esquema básico de vacinação, visando a diminuir a circulação da Bordetella pertussis.