“É a maior causa de cardiopatia adquirida em crianças e adolescentes, atingindo principalmente indivíduos entre 5 e 15 anos.
Ocorre em surtos ou ataques, com agravamento do problema cardíaco a cada episódio da doença.
Ela impõe um grande sofrimento aos pacientes e seus familiares e um alto custo à sociedade, uma vez que os pacientes necessitam de internações, por vezes repetidas, e muitos deles de cirurgias cardíacas”, esclarece a médica. Estima-se que 30.000 novos casos da doença ocorram a cada ano no Brasil, e que 15.000 pacientes tenham acometimento das válvulas cardíacas, a maioria evoluindo para seqüelas crônicas.
A febre reumática é uma doença inflamatória, que ocorre como conseqüência de uma infecção de garganta bacteriana não tratada, ou tratada de forma inadequada.
Regina Müller explica que essa infecção de garganta, a faringoamigdalite estreptocócica, é uma das afecções mais comuns na infância, e pode melhorar sem tratamento específico, razão por que muitos pais não lhe dão maior importância, e não procuram auxílio médico.
“Muitos preferem utilizar remédios naturais, gargarejos, ou medicamentos como antiinflamatórios e antibióticos sem prescrição médica, e acabam utilizando-os de forma inadequada”,completa. Para Regina Müller, o diagnóstico da febre reumática é clínico.
Exames laboratoriais ajudam na confirmação do diagnóstico, mas não existe um exame específico desta doença.
O ecocardiograma é muito útil para avaliar as lesões das válvulas cardíacas, tanto na fase aguda da doença, como no acompanhamento posterior.
O tratamento consiste na utilização de antiinflamatórios. O ácido acetil-salicílico (AAS), usado em doses altas, é muito eficaz no tratamento da artrite, havendo melhora da dor nas juntas, cerca de 24 a 48 horas após o início.
Quando existe inflamação do coração, a medicação de escolha é à base de cortisona, antiinflamatório mais potente, cujo uso exige cuidados especiais e acompanhamento rigoroso.
“Nesses casos, as crianças devem ficar internadas para o início do tratamento, e após a alta retornar para atendimento inicialmente a cada 15 dias.
O mais importante, no entanto, na terapêutica da febre reumática, é que ela pode ser prevenida”, afirma a médica. A prevenção primária – o tratamento correto das infecções de garganta, para evitar que a doença ocorra – e a secundária – que é a manutenção da medicacao para evitar que novos surtos da doenca se instalem .
sao feitas com a administracao de injecoes de penicilina benzatina, um antibiotico potente, em que uma injecao corresponde a 21 dias de antibiotico oral. Para o tratamento das infeccoes de garganta basta tomar uma injecao para cura-la, mas os pacientes que tem febre reumatica, devem toma-la a cada 21 dias para evitar novas infeccoes estreptococicas. A Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ) tem um Grupo de Trabalho especifico para tratar dos problemas relacionados a febre reumatica, e junto com o Programa PREFERE (Programa de Prevencao a Febre Reumatica) do Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras, tem atuado junto aos alunos das escolas fundamentais da rede publica de ensino e aos profissionais da rede basica de saude para divulgar informacoes sobre essa doenca, que pode ser evitada, e que se encontra sob controle nos paises desenvolvidos. No ano de 2003, de acordo com o DATASUS, o Brasil gastou cerca de 160 milhoes de reais no tratamento da febre reumatica aguda e de suas sequelas .
foram 11.000 cirurgias cardiacas apenas para tratar as cicatrizes deixadas pela doenca.
(21) 3923-5234
