Fique ligado! Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Autor: Dr. Giuseppe Pastura MD, PhD
Professor da Faculdade de Medicina da UFRJ
Membro do Comitê de Saúde Escolar da SOPERJ

 

Fique ligado! Transtorno do Espectro Autista (TEA)

 

O que é?

Segundo os critérios da 5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), indivíduos com esta condição clínica apresentam a combinação de (1) déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos e (2) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Os sintomas devem estar presentes desde os primeiros anos de vida.

É um transtorno comum?

O TEA acomete 1 a cada 59 crianças.

É mais comum em meninos ou meninas?

O TEA é quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas.

Quais são suas causas?

Embora existam muitos estudos que investigam diversas causas possíveis para o transtorno, poucos fatores são seguramente descritos como causa de TEA. Assim, sabemos que fatores genéticos têm forte influencia na gênese do transtorno. Desta forma, irmãos de pacientes com TEA e crianças com síndromes genéticas (X-frágil por exemplo) possuem chance aumentada de desenvolver esta condição. Algumas medicações utilizadas durante a gestação também incrementam a chance de TEA, como ácido valpróico e talidomida. Por fim, pais de idade avançada possuem risco aumentado de gerar filhos com TEA.

Quais são os principais sintomas?

Os sintomas mais comuns de TEA são: não responder ao chamado dos pais pelo nome; manter conversa tangencial; utilizar as mãos dos pais como instrumento; não olhar nos olhos, isolamento social; rir em situações inadequadas; chamar-se a si próprio pelo nome; estereotipias; andar na ponta dos pés; enfileirar objetos; ligar e desligar a luz; apego a rotinas;ter interesses restritos; irritar-se com sons altos; e não deixar cortar unhas e cabelo, dentre outros.

Existem exames complementares que possam auxiliar no diagnóstico?

O diagnóstico de TEA é eminentemente clínico, ou seja, o médico realiza o diagnóstico baseado exclusivamente na história e no exame físico do paciente. A solicitação de exames complementares, tais como eletroencefalograma e ressonância magnética do crânio, deve ser feita somente nos casos em que o médico suspeita de outra condição clínica em comorbidade, como epilepsia, por exemplo.

Quais são as melhores formas de tratamento?

Os estudos clínicos evidenciam que os melhores resultados são obtidos terapias específicas para crianças com TEA. Podemos citar os métodos Denver, ABA e TEACCH. Os medicamentos são recomendados apenas se o paciente apresentar comorbidades que impeçam seu convívio social. Por exemplo, crianças com TEA e agressividade muitas vezes precisam usar neurolépticos atípicos (risperidona e haloperidol, por exemplo) para conseguirem ter uma convivência mais harmoniosa com seus familiares e colegas.

Referências

  1. American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th edition (DSM-V). Washington, DC: American Psychiatric Association, 2013.
  2. Will MN, Currans K, Smith J, et al. Evidenced-Based Interventions for Children With Autism Spectrum Disorder. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care. 2018 Oct;48(10):234-249.
  3. Mandy W, Lai MC. Annual Research Review: The role of the environment in the developmental psychopathology of autism spectrum condition. J Child Psychol Psychiatry. 2016 Mar;57(3):271-92.