Gravidez: Felicidade e muitos exames

Autor:Camila du Bocage

Cardiopediatra dá dicas de como prevenir cardiopatias em recém nascidos
Além da felicidade em descobrir que a mulher está grávida, ela deve se preparar para a bateria de exames que uma gestante deve fazer. Quem dá a dica é a cardiopediatra Fátima Leite, presidente do Comitê de Cardiopediatria da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro, SOPERJ. “Alguns exames devem ser feitos pois previnem se a paciente tem ou teve alguma doença, e se existem riscos da mãe contaminar o bebê. Exames como o hemograma, para avaliar anemia e doenças hematológicas, o teste de HIV e outros que detectam infecções como, hepatite, toxoplasmose, sífilis, rubéola, devem ser feitos logo no início da gravidez”. Para melhor informar à sociedade, o Comitê de Cardiopediatria da SOPERJ organiza para a próxima terça-feira, 05.10, às 10 horas a Mesa Redonda sobre “Avaliação do Coração Fetal no Ultrassom obstétrico” no Centro de Estudos do Hospital Geral de Bonsucesso.
A cardiopediatra explica que além desses exames, chamados rotineiros, exames mais elaborados como os ultrassons devem ser realizados pelas mamães. “Se tratando de imagens, o ultrassom fetal, especialmente nas primeiras 12 semanas, é o mais fiel na descoberta quanto a idade gestacional, servindo também para avaliar complicações iniciais”. Além disso, o ultrassom é usado para ver como está o crescimento e o desenvolvimento do feto, afastando a hipótese de má formação. “Próximo ao nascimento, geralmente no 7/8 mês, solicitamos às mamães uma cardiotocografia, exame que avalia o bem estar fetal através dos batimentos cardíacos. De acordo com a oxigenação é fácil descobrir anormalidades no coração. Este pode bater mais rápido que o normal (taquicardia) ou mais devagar (bradicardia)”. Outro exame que deve ser recomendado às gestantes, afirma Fátima Leite, é o doppler dos vasos sanguíneos fetais e placentários, responsáveis pela informação, por intermédio da velocidade com que o sangue passa nos vasos, de como está o coração, a circulação do bebê e se há alguma alteração no fluxo placentário que impeça a adequada oxigenação e alimentação fetal.
Existem alguns exames que são mais específicos, como por exemplo, o ecocardiograma fetal (tipo de ultrassonografia do coração do feto) que é de extrema importância. A cardiopediatra diz que “o ideal é que o próprio ultrassonografista obstétrico saiba fazer uma avaliação adequada do coração do feto, observando toda a estrutura e ao desconfiar de alguma má formação, encaminhe a paciente para o ecocardiograma fetal. A partir da décima quarta semana de gestação o coração fetal já está formado e é possível avaliar a estrutura através do ultrassom transvaginal”.
O melhor período para avaliação do coração vai da vigésima quarta à trigésima semana, afirma Fátima Leite. “Nesta ocasião o coração tem um tamanho bom para avaliação pelo ultrassom convencional e o líquido amniótico, em quantidade normal, faz um bom contraste ecocardiográfico”. Já quase no final da gestação a quantidade proporcional de líquido amniótico diminui e as estruturas fetais normais ficam mais densas, dificultando a obtenção da imagem do coração. “Em caso de suspeita de cardiopatia, o método pode ser utilizado mesmo nos últimos dias da gestação”, alerta a cardiopediatra.
“Cerca de 1% dos nascidos vivos tem alguma cardiopatia congênita (isto vale para o Brasil e o mundo) e ainda temos um número significativo de gestantes que têm fetos cardiopatas que morrem intra-útero devido à cardiopatia. Sem contar o número de neonatos que morrem nas primeiras horas de vida em conseqüência de cardiopatias não diagnosticadas. Por conta disso, a realização do ecocardiograma fetal de rotina, leva ao tratamento de algumas situações, como as arritmias fetais, ainda na gestação, permitindo aos fetos nascer em melhores condições de saúde “, finaliza a presidente do Comitê de Cardiopediatria da SOPERJ.

Fonte:SOPERJ