PEDIATRAS ALERTAM PARA A PREVENÇÃO DA PRESSÃO ALTA NA INFÂNCIA

Medida reduziria gastos no atendimento à doença
O Brasil teve 2.341.426 atendimentos ambulatoriais e 9.333 internações devido à hipertensão arterial, gerando um custo de R$ 2.044.128,33 apenas em janeiro de 2007, segundo dados do DATASUS. Destes, 1.117 eram indivíduos com menos de 40 anos, que consumiram R$ 216.437,68, sem contar os gastos com complicações como infarto, “derrame” e insuficiência renal. Mas muitos destes custos poderiam ser diminuídos com simples medidas de prevenção. Quem garante é a cardiopediatra Fátima Leite, membro do Comitê de Cardiologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ). Nesta quinta-feira (26) é comemorado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, “e é hora de alertarmos os pais sobre a importância da prevenção desde a infância”, diz a pediatra.
Embora seja uma doença com predisposição familiar, existem alguns comportamentos que ajudam no seu aparecimento, como o excesso de peso, o sedentarismo (não praticar atividade física), o fumo e o excesso de sal na dieta. “Outros fatores contribuem para aumentar a chance de ter uma complicação quando já se tem a doença, como o colesterol alto (alto índice de gorduras no sangue) e o diabetes (índice elevado de açúcar no sangue). Uma pessoa que tem vários parentes com hipertensão e fuma, não faz exercícios, come muito sal e gordura, tem uma chance muito grande de apresentar complicações”, explica a especialista.
Nas crianças isto também é verdadeiro. Alguns estudos mostram que crianças com pais hipertensos, embora não apresentem a doença, têm a pressão maior que aquelas cujos pais têm pressão normal. “Isto é um primeiro indício de que essas crianças correm um risco maior de desenvolver a doença. Se não houver um cuidado com o controle de peso, a ingestão de sal e com a prática de atividade física, é muito provável que elas, ainda numa idade muito jovem, desenvolvam hipertensão e fiquem sujeitas às suas complicações”, ressalta Fátima Leite.
A pediatra explica que mesmo nas crianças é importante medir a pressão. “Nos adultos o diagnóstico é feito quando os níveis de pressão arterial estão acima da máxima de 13,5 e abaixo da mínima de 8,5. Nas crianças estes valores não são válidos, existindo uma tabela própria para idade e altura, que deve ser consultada pelo pediatra quando da aferição da pressão”.
A SOPERJ tem se preocupado muito com a prevenção da hipertensão e por isso tem apresentado o tema em todos os congressos de pediatria e participado intensamente das campanhas preventivas. O objetivo maior destas campanhas é salientar, junto à comunidade médica e à população, a necessidade de manter um hábito de vida saudável nas crianças.
“Evitar longas horas diante da televisão e dos computadores, alimentar-se de maneira saudável, ingerindo frutas, verduras, legumes e quantidades adequadas de açúcar e gordura, evitar o excesso de sal e calorias, além de praticar regularmente exercícios físicos (pelo menos 40 minutos diários) são os primeiros passos para evitar a hipertensão arterial e suas conseqüências nefastas, que muitas vezes tiram do mercado de trabalho indivíduos em plena idade produtiva, gerando não só um desastre sócio-econômico, como psicossocial para muitas famílias”, conclui a cardiopediatra Fátima Leite.
DB Press – Márcia Silveira (marcia@dbpress.com.br)
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