PEDIATRAS DO RIO PROMOVEM DEBATE SOBRE MICROCEFALIA

SOPERJ quer alertar e orientar médicos de todo o Estado para o Zika Vírus

São 57 casos suspeitos, número que pode parecer pequeno diante do cenário nacional, mas que já são suficientes para a Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ) ligar o sinal de alerta. E, por isso, promove segunda-feira (21), às 17h, uma mesa-redonda onde serão discutidas questões sobre o Zika Vírus e a Microcefalia. Pediatras associados de todo o estado estão convocados, pois o objetivo é o de alertar e orientar os pediatras para essa doença. O encontro, promovido também pelo Departamento de Pediatria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, será na sede da SOPERJ – Rua da Assembleia 10 / 1812, no Centro da cidade.

Os temas que estão na pauta de debates são: Uso do repelente (com a pediatra Ana Mosca, do Comitê de Dermatologia); Alterações Neurológicas na Microcefalia (Heloísa Viscaino, presidente do Comitê de Neurologia); Diagnóstico Diferencial da Microcefalia (Patricia Correia, presidente do Comitê de Genética), Aspectos Epidemiológicos do Zika Virus (Alexandre Chieppe) e Infecção por Zika (Comitê de Infectologia da SOPERJ).

O Ministério da Saúde divulgou, na última terça-feira (15), que em 2015, já foram registrados 134 casos de microcefalia, todos causados por contaminação pelo Zika Vírus – outros 102 casos foram descartados. Segundo o Boletim Epidemiológico do MS, divulgado dia 15, até o dia 12 de dezembro foram contabilizados 2.401 casos da doença e 29 óbitos, distribuídos em 549 municípios de 20 Unidades da Federação. O governo vai distribuir repelente a gestantes como forma de evitar a contaminação. Pernambuco continua sendo o estado com maior número de suspeitas: 874.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), no Rio de Janeiro há 57 casos suspeitos até o dia 15 – os dois óbitos registrados nada tinham a ver com o Zika Vírus. Outros estados com suspeita de casos, de acordo com o Ministério, são Paraíba (322), Bahia (316), Rio Grande do Norte (101), Sergipe (33), Alagoas (107), Ceará (79), Mato Grosso (72), Maranhão (56), Piauí (39), Tocantins (43), Mato Grosso do Sul (3), Goiás (4), Minas Gerais (33), Espírito Santo (14), São Paulo (6), Pará (3), Rio Grande do Sul (1) e Distrito Federal (2). O único óbito confirmado, de acordo com o novo boletim do MS, foi registrado no Ceará.

Pelo protocolo criado pelo MS, os profissionais de saúde devem considerar cinco aspectos: gestante com possível infecção pelo Zika Vírus durante a gestação; feto com alterações do sistema nervoso central possivelmente relacionada à infecção pelo vírus durante a gestação; aborto espontâneo decorrente de possível associação com infecção pelo vírus durante a gestação; natimorto decorrente de possível infecção pelo vírus durante a gestação; recém-nascido vivo com microcefalia possivelmente associada a infecção pelo vírus durante a gestação. Ainda não há dados sobre aborto espontâneo associado ao Zika.

O site Portal Saúde, do MS, descreve microcefalia como sendo uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Na atual situação, a investigação da causa é que tem preocupado as autoridades de saúde. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm. Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como as substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação. No dia 28 de novembro, o Ministério confirmou a ligação da epidemia de microcefalia, que atinge estados do Nordeste, e o Zika Vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue e do chicungunha. Ou seja, a mulher que contrair o Zika durante a gravidez pode gerar um filho com microcefalia.