Sociedade de Pediatria do Estado do Rio repudia abordagem sobre amamentação em novela da TV Globo

O Comitê de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro, SOPERJ, viu com indignação e perplexidade a abordagem feita pela Rede Globo de Televisão sobre o tema amamentação em cenas transmitidas nesta segunda-feira, dia 26 de março, durante a novela “Do Outro Lado do Paraíso”. Em virtude desta abordagem do tema na novela, a SOPERJ enviou carta à emissora esclarecendo alguns pontos sobre a ação contra a amamentação cruzada.

Na carta, o Comitê de Aleitamento Materno da SOPERJ ressalta que um dos mais importantes papéis desempenhados por uma novela, além de divertir, entreter e educar, é esclarecer o telespectador. “Para cumprir esses passos com responsabilidade, há necessidade de consultoria em alguns assuntos como o aleitamento materno. Mesmo sendo uma prática natural, encontramos muitos fatos e mitos na sua ação”, ressalta a presidente do Comitê, a pediatra Carmem Elias.

Dados dão conta de que na década de 80 houve muita briga com a mídia por estar a população vivendo a “era da mamadeira”, com taxas muito baixas de aleitamento exclusivo (em torno de 21% primeiros três meses de idade). Para os pediatras, se existe algo no Brasil que a população pode se orgulhar, é com relação às ações de incentivo e apoio ao aleitamento materno. Isto porque as taxas mais do que dobraram, mesmo com muito ainda a ser construído.

A SOPERJ esclarece que no Brasil, assim como em outros países, o aleitamento materno cruzado é proibido por lei, estabelecida pela Portaria nº 1.016, de 26 de agosto de 1993, que dispõe sobre a proibição da amamentação cruzada. Ou seja, proíbe que mães amamentem outros recém-nascidos, que não sejam os seus, ou que permitam que seus filhos sejam amamentados por outra nutriz.

Para os integrantes do Comitê de Aleitamento Materno da SOPERJ, seria muito bom ver este momento de ficção apoiando e promovendo o aleitamento materno e não “oferecendo outro peito” de maneira errônea. “O aconselhamento no aleitamento é tema de estudo entre os profissionais de saúde e trabalhamos  este conteúdo em cursos de 80 horas para formação de tutores capacitados em transmitir este conhecimento”, esclarece a presidente do Comitê.

O Comitê de Aleitamento Materno da SOPERJ entende o momento da ficção. No entanto, não aceita que práticas que levaram anos para serem construídas, sejam denegridas e ainda coloquem em risco a vida de um bebê. A SOPERJ esclarece que o aleitamento cruzado, que é o ato de uma mãe oferecer o seu leite a outro bebê que não o seu, é um ato que pode transmitir diversas doenças e principalmente o HIV/AIDS na sua utilização.

Em sua carta à Rede Globo de Televisão, a SOPERJ informa que está à disposição, por meio do Comitê de Aleitamento Materno, para esclarecer a população para não utilizar esta prática, assim como para orientar sobre outras questões pertinentes ao aleitamento materno. Na opinião da SOPERJ, “a Rede Globo de Televisão daria um bom exemplo se reparasse o erro na valorização do aleitamento materno”.

O Comitê de Aleitamento Materno da SOPERJ entende o momento da ficção. No entanto, não aceita que práticas que levaram anos para serem construídas, sejam denegridas e ainda coloquem em risco a vida de um bebê.