SOPERJ Alerta mães fumantes

Autor:Kenia Di Marco

No Dia de Combate ao Fumo, pediatra lembra que feto é o grande prejudicado
Já está comprovado que o fumo é muito prejudicial à saúde da mãe e do feto, mas mesmo assim muitas mães insistem em continuar fumando. Por conta disso, a Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ) aproveita o Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado no domingo, 29.08, para alertar as mamães para que não fumem enquanto estiverem gerando seus filhos. A cardiologista pediátrica Fátima Leite, presidente do Comitê de Cardiologia da SOPERJ, explica que “a placenta é um órgão formado durante a gestação e sua função é nutrir o feto, passando, além de nutrientes, oxigênio. No caso da mãe fumante, o sangue, rico em substâncias do fumo, faz com que os vasos sanguíneos da placenta se contraem deixando o bebê sem oxigênios”.
Fátima Leite lembra, ainda, que a placenta é responsável por tirar do feto as substâncias que não são mais necessárias, “aquelas que eliminamos pela urina, por exemplo. Como isto é feito de uma forma passiva, no caso do bebê é necessário que a resistência ao fluxo sangüíneo na placenta seja baixa. Ou seja, o sangue tem de chegar à placenta com baixa pressão e, no tempo que ele levar para percorrer a placenta, também a pressão, na verdade a resistência à passagem dele, tem de ser baixa, para que as trocas possam ocorrer”. E o que o cigarro influencia nesse transporte? Segundo Fátima Leite, “as substâncias tóxicas contidas no cigarro provocam contração nos vasos do corpo. Com isso, na gestante, os vasos da placenta se contraem e dificultam a passagem do fluxo sangüíneo, o que faz com que as trocas dos nutrientes sejam prejudicadas resultando na desnutrição do feto”.
A cardiologista pediátrica afirma que a complicação mais constante nos filhos de mães fumantes é a prematuridade. “A criança nasce antes da hora, porque a placenta não consegue mais nutrir o feto adequadamente, e além disso, em geral, esses bebês ficam desnutridos e já nascem com o peso abaixo do normal”. A prematuridade e o peso baixo ao nascimento são causa de complicações perinatais (aquelas que ocorrem nos primeiros dias de vida) e responsáveis por um período de internação prolongada, ou até mesmo, em alguns casos, responsáveis pelo aumento da mortalidade neste período da vida.
Fátima Leite diz que, passados os primeiros dias de vida, os pais devem continuar evitando o fumo, porque este é responsável por uma série de problemas respiratórios nas crianças. “As crianças se tornam fumantes passivas e estão sujeitas a doenças respiratórias precocemente. Especialmente aquelas que já têm problemas alérgicos como asma, rinite e sinusite, estão sujeitas a uma piora importante quando um dos pais é fumante”.
Para estas crianças o controle do ambiente é fundamental. “O fumo é um dos fatores de risco que desencadeia a aterosclerose e doenças coronarianas (causadora de enfarto). Com as dificuldades que encontramos atualmente para manter a saúde cardiovascular das nossas crianças, imagine uma criança obesa, sedentária e fumante passiva. Esta já possui três fatores de risco para doença coronariana. E se houver histórico familiar de enfarto e hipertensão, já são cinco fatores”, alerta Fátima. “Muitas crianças estão nesta situação. O que quer dizer que estamos criando toda uma geração de indivíduos que têm alto risco de sofrer enfarto com menos de 40 anos de idade. O importante é evitar o cigarro o máximo possível. Sei que é difícil, mas não é impossível, basta pensar na vida das nossas crianças”, conclui a presidente do Comitê de Cardiologia da SOPERJ.

Fonte:SOPERJ