Autor:Fernandes, RCSC; Fernandes, SSC
Instituição: Hospital Estadual Ferreira Machado, Campos dos Goytacazes, RJ
Introdução: A síndrome de larva migrans visceral ou toxocaríase é causada pela infecção com larvas de nematódeos do cão, sendo parasitose comum na infância. Temos desde quadros assintomáticos até aqueles onde se destacam febre, anemia, hepatomegalia e o envolvimento pulmonar. Objetivo: Descrever dois casos da patologia, destacando as manifestações clínicas, os achados laboratoriais e os aspectos epidemiológicos. Metodologia: Revisão de prontuários e relato de casos. Resultados: 1º caso: GSN, 3 anos, sexo feminino vinha em tratamento ambulatorial de anemia ferropriva, sendo internada com anemia grave, tosse persistente, anorexia, febre, irritabilidade e hepatomegalia. Nesta ocasião apresentou Hb de 4,3g%, Ht de 16% e VGM de 60. A leucometria revelou 29.700 leucócitos com 54% de eosinófllos. Raio X de tórax e ultrasom de abdome normais. Sorologia positiva para T.canis. Foi transfundida, recebeu tiabendazol e apresentou boa evolução. 2º caso: LPS, 1 ano e 8 meses, sexo masculino foi internado com abscesso no braço direito que regrediu com o uso da oxacilina. Evoluiu com picos febris, broncoespasmo e aparecimento de nódulo subcutâneo no hipogástrio, sem sinais flogísticos. Leucograma demonstrou 42.400 leucócitos, com 38 % de eosinófllos e 2 % de bastões. Ultrasom confirmou a presença do nódulo subcutâneo bem como de múltiplos nódulos hipoecogênicos em fígado, que regrediram com o uso do tiabendazol. Sorologia positiva para Tcanis. Conclusão: A toxocaríase deve ser sempre lembrada no diagnóstico diferencial das eosinofilias severas em nosso meio, principalmente se acompanhadas de broncoespasmos recidivantes, anemia e hepatomegalia. A suspeita é reforçada pelos dados epidemiológicos de geofagia e contato domiciliar com cães.
Fonte:Revista de Pediatria SOPERJ – Ano 4 – nº 1 – Janeiro a Junho de 2003