O uso inadequado de medicamentos, seja por automedicação ou por não aderência a protocolos terapêuticos, tem enorme custo em termos de saúde pública, além do impacto financeiro para o próprio paciente e para a comunidade, tanto pelo custo direto envolvido como pelas consequências adversas decorrentes.
Entre os medicamentos mais utilizados no mundo, os anti-inflamatórios são muito procurados por seus efeitos analgésicos e antitérmicos. A prescrição indevida, bem como a automedicação facilitada pela compra livre, e o desconhecimento quanto aos efeitos adversos e potenciais interações medicamentosas leva ao uso indiscriminado dessa classe medicamentosa com grande impacto sobre a saúde do indivíduo.
O uso de anti-inflamatório no contexto de uma infecção tem o potencial de mascarar o quadro e dificultar o diagnóstico ou mesmo inibir a resposta orgânica ao agente invasor, agravando o quadro.
O Comitê de Reumatologia da SOPERJ recomenda aos pediatras que evitem o uso de anti-inflamatório não-hormonal como antitérmico, pela possibilidade de estes medicamentos alterarem o curso de doenças reumatológicas, neoplásicas e infecciosas, podendo dificultar o diagnóstico ou afetar negativamente a evolução e o prognóstico da doença. O uso como analgésico só deve ser empregado após a definição diagnóstica.
Andréa Valentim Goldenzon
Departamento Científico de Reumatologia da SOPERJ
MARÇO / 2020