O ser humano é fruto do seu ambiente. Essa afirmativa é ainda mais verdadeira, quando se trata de um ser em formação, como as nossas crianças. Assim sendo, os impactos no meio ambiente da poluição e das mudanças climáticas vão exercer efeitos diretos em diversos aspectos da vida infantil, muitas vezes definindo ou moldando seu futuro.
Do ponto de vista endocrinológico, um dos aspectos mais discutidos é o papel dos disruptores endócrinos (ou desreguladores endócrinos). Disruptores são produtos químicos capazes de interferir em diversas funções hormonais, influenciando desde o tempo da puberdade, risco de obesidade e alguns tipos de câncer até distúrbios de diferenciação sexual na prole de crianças expostas. Eles estão presentes em diversos produtos, desde plásticos de embalagens, produtos de beleza e higiene, até como ingredientes de alimentos ultraprocessados.
Além disso, cidades mais poluídas, com menos áreas verdes, criam desertos alimentares, regiões com pouco acesso a alimentos in natura, excesso de ultraprocessados e pouco espaço para atividade física, fatores intrincados diretamente no desenvolvimento de obesidade. A epidemia de obesidade, por sua vez, cada vez mais frequente nas crianças resulta em inúmeras comorbidades que comprometem a qualidade de vida dos jovens e levam a complicações na vida adulta, determinando ainda uma menor expectativa de vida.
Cada criança é herdeira do planeta pelo qual somos responsáveis agora, mas, ainda mais importante, cada criança está construindo sua própria morada, seu próprio corpo onde vai habitar pelos próximos, talvez, 100 anos….
Se este planeta será rico, habitável, limpo, depende do que plantamos agora.
Se estes corpos serão saudáveis, produtivos e plenos também depende do que semeamos.
Promover um futuro saudável para nossas crianças é cuidar do meio ambiente, que molda o planeta e também o indivíduo.
