Falta pouco para o Carnaval, na verdade, em algumas cidades ele já começou. A festa não envolve apenas músicas e brincadeiras, mas uma época onde o consumo de bebidas alcoólicas é grande, por parte dos foliões. Como é período de calor acaba sendo justificativa para o crescimento do consumo desses produtos.
A questão é: muitas crianças e adolescentes se envolvem com a programação e podem ter contato precoce com álcool, que não é o ideal.
A aproximação de crianças e adolescentes com bebidas alcoólicas tem sido uma preocupação frequente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A entidade emitiu uma nota, alertando aos pais e responsáveis, destacando um olhar especial para a proliferação de produtos alcoólicos intencionalmente associados a temas do meio infantil, como picolés de cervejas e sacolés ou geladinhos de caipirinha.
O texto está disponível aqui.
O alerta foi elaborado pelo Departamento Científico de Adolescência da SBP, alegando que por conta da ampla divulgação, glamourização e fácil acesso, o álcool tem sido utilizado, cada vez mais cedo, por crianças e adolescentes.
Os especialistas afirmam que é importante investir em ações educativas, que falem sobre estes problemas e sobre os prejuízos à saúde.
A SBP afirma, ainda, que o contato precoce com bebidas alcoólicas também podem ser responsáveis por acidentes de carros, uma das principais causas de morte entre pessoas com idade 16 e 20 anos. Além disso, estar alcoolizado aumenta as chances de atividades sexuais sem proteção, de violência sexual, de exposição às infecções sexualmente transmissíveis e o risco de gravidez na adolescência, como detalha o documento.
Recomendações da SBP
Com o objetivo de auxiliar pediatras, pais, familiares, educadores e a sociedade em geral sobre estratégias para prevenir o uso de álcool pela população pediátrica, a SBP estabeleceu algumas recomendações para ajudar, até mesmo, os próprios adolescentes.
– Alertar as crianças e adolescentes, por meio de seus pais, educadores e nas consultas pediátricas, sobre a proibição de venda-consumo de bebidas e iguarias que contenham álcool – incluindo sorvetes, picolés e sacolés – a menores de 18 anos;
– Alertar sobre as consequências do uso precoce do álcool e de outras drogas, legais e ilegais, especialmente durante a fase do desenvolvimento cerebral;
– Evitar o uso desenfreado nas festas de família, fato que leva à banalização da alcoolização, uma distorção cultural;
– Reforçar o modelo dos pais no cumprimento da lei, não permitindo o uso de bebidas alcoólicas e outras drogas no convívio familiar;
– Proibir a oferta de bebidas alcoólicas em festas de aniversário e outras celebrações que tenham a participação de crianças e adolescentes;
– Conversar com os filhos sobre a publicidade nas mídias, que escondem o lado negativo e prejudicial do álcool à saúde (análise crítica);
– Não utilizar logos de bebidas alcoólicas, como as cervejas, em camisetas e outros produtos, pois é um modo de marketing que favorece o consumo precoce entre adolescentes;
– Alertar sobre os riscos de desidratação e de hipoglicemia (baixa da glicose no sangue) em shows, eventos e baladas. Estimular o consumo de água.
– Estabelecer um telefone de contato para qualquer emergência;
– Instituir uma rede de apoio com outros pais e com a escola para o planejamento das estratégias de prevenção e cuidados durante festas e outras atividades culturais ou comunitárias.