- O que é Ambliopia?
Ambliopia, popularmente conhecida como “olho preguiçoso”, é a principal causa de deficiência visual evitável na infância, acometendo 2 a 3% das crianças.
Caracteriza-se por redução da acuidade visual em um ou ambos os olhos, mesmo com correção óptica adequada e sem alterações estruturais aparentes.
O risco de sequelas permanentes ocorre porque o sistema visual nasce imaturo e depende de estimulação adequada na primeira década de vida (período crítico até cerca de 8 anos).
Quando o cérebro recebe imagens desfocadas, desalinhadas ou obstruídas, ele suprime a visão do olho afetado, podendo gerar perda visual definitiva.
- Principais Causas
A ambliopia resulta de qualquer condição que impeça a formação de uma imagem nítida durante o desenvolvimento visual. As causas incluem:
- Ambliopia estrabísmica
- Cerca de 50% das crianças com estrabismo apresentam ambliopia.
- Acontece quando o desvio é sempre do mesmo olho, levando o cérebro a ignorar a imagem.
- Ambliopia por erro refrativo (anisometropia ou altas ametropias)
- Diferença significativa de grau entre os olhos → o olho de maior grau torna-se o “fraco”.
- Altos graus bilaterais podem causar ambliopia bilateral.
- Ambliopia por privação
Ocorre quando algo impede a entrada da luz, por exemplo:
- Catarata congênita
- Opacidades corneanas
- Ptose severa
É a forma mais grave e deve ser tratada urgentemente.
- Quando Suspeitar?
A ambliopia costuma ser assintomática, especialmente se unilateral.
Por isso, o rastreamento é crucial.
Sinais de alerta:
- Histórico familiar de ambliopia, estrabismo ou óculos de alto grau na infância
- Criança que fecha um olho para ver, aproxima objetos ou apresenta dificuldade visual
- Presença de estrabismo
- Reflexo vermelho alterado
- Recomendações de Avaliação Oftalmológica (SBOP)
Ao nascimento
- Teste do reflexo vermelho: obrigatório; repetir 2 a 3 vezes por ano até os 3 anos.
- Reflexo alterado → encaminhamento imediato ao oftalmologista.
Fatores de risco que exigem consulta precoce:
- Prematuridade (<32 semanas e/ou <1500g)
- Infecções congênitas (toxoplasmose, sífilis, CMV, rubéola, herpes, Zika)
- Síndromes genéticas, malformações e doenças hereditárias oculares
- Doenças metabólicas, autoimunes e autoinflamatórias
Consultas recomendadas:
- 6 a 12 meses: primeira avaliação com oftalmologista
- 3 a 5 anos: exame oftalmológico completo (preferencialmente aos 3 anos)
- Periodicidade posterior conforme achados
- Tratamento
O tratamento é sempre conduzido pelo oftalmologista e pode incluir:
- Correção óptica
- Óculos para corrigir erros refrativos. Alguns casos de ambliopia relacionados ao grau resolvem somente com o uso dos óculos.
- Estímulo visual
- Oclusão do olho de melhor visão por até 6 horas/dia.
- Penalização com colírio de atropina no olho bom (embaçamento proposital).
- Tratamento da causa de base
- Cirurgia nos casos de privação visual (ex.: catarata congênita, ptose severa).
O sucesso depende de:
- Diagnóstico precoce
- Adequação do tratamento
- Adesão da família
- O papel do pediatra
O pediatra é o ponto-chave para detecção precoce da ambliopia.
Sua atuação inclui:
- Realizar e repetir o teste do reflexo vermelho nos primeiros anos
- Reconhecer sinais de alerta
- Identificar fatores de risco
- Garantir o encaminhamento correto e no tempo adequado
- Orientar a família sobre a importância da adesão ao tratamento
Com diagnóstico e intervenção oportunos, a ambliopia é altamente tratável e a atuação do pediatra faz toda a diferença no desfecho visual a longo prazo.
