A queixa de baixa estatura é uma causa extremamente comum de uma consulta pediátrica. A ansiedade para saber se o filho está crescendo normalmente ou se vai ser baixo leva os pais a questionar o que pode e deve ser feito. Mesmo sabendo-se que em nossa sociedade a alta estatura é um verdadeiro cartão de visitas de uma pessoa, e que a existência de uma cobrança social onde a denominação de “aquele cara alto” é elogiosa e “aquele cara baixinho” é pejorativa, leva a uma justificada ansiedade dos pais.
Segundo Cláudio Hoineff, membro do Comitê de Endocrinologia da SOPERJ, a atual denominação do termo “Baixa Estatura Idiopática” surgiu da necessidade de tentar agrupar uma série de outros títulos como “Disfunção neurosecretória”, “Deficiência Parcial de GH” e outros em que muitas vezes, em razão da não especificidade dos testes de estímulo e variação dos ensaios utilizados, crianças sem deficiência hormonal eram tratadas com hormônio do crescimento e crianças com deficiência de GH deixavam de ser diagnosticadas.
A atual definição de “Baixa Estatura Idiopática” compreende as seguintes características:
* Estatura < 2DP para a idade cronológica
* Peso e altura de nascimento > – 2DP para a idade gestacional
* Proporções corporais normais
* Sem evidência de qualquer patologia crônica
* Ausência de patologia endócrina
* Ausência de alterações psicossociais
* Ingestão adequada de alimentos
* Velocidade de crescimento normal
Percebe-se, através dos critérios citados, a importância da avaliação dos dados auxológicos, com o acompanhamento em gráficos de crescimento e desenvolvimento adequados, assim como a identificação de recém-natos pequenos ou não para a idade gestacional determinados pelos dados de peso e comprimento ao nascimento, em razão do prognóstico futuro de crescimento.
“É necessária, também, a avaliação das relações segmento inferior e superior para identificações de possíveis displasias ósseas”, diz Hoineff.
Como aproximadamente 90% das causas de baixa estatura são de origem pediátrica, é fundamental a exclusão de patologias crônicas como, por exemplo, Doença Celíaca, que pode ter como único sinal a baixa estatura, e a identificação de patologias cromossômicas, como no caso de meninas com baixa estatura, em que o cariótipo deve ser indicado independentemente ou não de estigmas genéticos para a Síndrome de Turner. “Patologias endócrinas representam 10% das causas de déficit de crescimento, e o diagnóstico de alterações endócrinas, como hipotireoidismo e deficiência do hormônio do crescimento através de testes de estímulo para secreção de GH, com todas as suas controvérsias, devem ser analisadas. Alterações psicossociais devem ser avaliadas e, no nosso meio, a desnutrição assume um grande valor. A velocidade de crescimento, sem sombra de dúvida, é o dado auxológico mais fidedigno no diagnóstico de um déficit de estatura superando, muitas vezes, dados laboratoriais”, acrescenta Cláudio Hoineff.
O emprego do hormônio do crescimento na Baixa Estatura Idiopática é uma das seis indicações aceitas pelo FDA (Federal Drug Administration) juntamente com Deficiência de GH, Insuficiência Renal Crônica, Síndrome de Turner, Síndrome de Prader-Willi e Retardo de Crescimento Intra Uterino (RCIU) sem “catchup”.
Estudos recentes mostram que o ganho de estatura é da ordem de 3 a 4 centímetros, na dependência da idade de inicio do uso do hormônio e da dose utilizada e, portanto, o custo benefício deve ser levado em consideração, finaliza Cláudio Hoineff, membro do Comitê de Endocrinologia da SOPERJ.
Claudio Hoineff
Membro do Comitê de Endocrinologia da SOPERJ