Em 20/02/2018
Isabella Ballalai
Pediatra
Membro do Comitê de Saúde Escolar da SOPERJ
CREMERJ – 52 48039-5
A parotidite epidêmica, conhecida como caxumba é doença causada por um vírus da família Paramyxovirida com período de incubação que varia de 12 a 25 dias após a exposição caracterizada pelo surgimento de edema das parótidas.
É transmitida de pessoa para pessoa, mesmo antes de surgirem os sintomas (período de incubação). Muitas pessoas infectadas podem não adoecer e, assim mesmo transmitir o vírus, o que dificulta o controle de surtos.
A caxumba caracteriza-se por aumento das glândulas parótidas e pode ser acompanhada de febre e dor à mastigação e ingestão de líquidos ácidos. Em cerca de 1/3 das pessoas, o acometimento das glândulas não é aparente e em 10% dos casos pode cursar com meningite viral. Outras complicações reportadas são: orquite, tireoidite, artrite, glomerulonefrite, miocardite, ataxia cerebelar. As complicações associadas à caxumba podem ocorrer na ausência de parotidite, possivelmente retardando o diagnóstico da doença.
Nem todos os casos de parotidite, especialmente aqueles esporádicos e isolados, são devido à infecção pelo vírus da caxumba. A parotidite pode ser causada por outros vírus tais como parainfluenza do tipo 1 e 3, Epstein-Barr, influenza, coxsackie A, echovirus, vírus da coriomeningite linfocítica, HIV. Também pode estar relacionada a causas não infecciosas, tais como medicamentos, tumores, doenças imunológicas e obstrução do ducto salivar.
Na era pós-vacina, a maioria dos casos de caxumba ocorre em adolescentes, adultos jovens e estudantes universitários. O diagnóstico geralmente é clínico e a confirmação laboratorial nem sempre é possível.
O tratamento da caxumba é sintomático.
A melhor e mais eficaz forma de prevenir a caxumba e bloquear surtos é a vacinação. Toda criança, adolescente e adulto (sem contraindicação para a vacinação) deve receber pelo menos duas doses da vacina caxumba (contida nas vacinas tríplice viral e tetra viral).
Durante surtos de caxumba em comunidades com alta cobertura vacinal, a proporção de casos que ocorrem entre pessoas que tenham sido vacinadas pode ser elevada. A vacina, apesar de ter sido capaz de reduzir substancialmente o número de casos de caxumba no Brasil e no mundo, tem eficácia de cerca de 90% para quem recebeu duas doses. Além disso, a perda da proteção com o tempo também é documentada.
Condutas em caso de confirmação de caxumba na escola:
-
notificação do caso à secretaria municipal de saúde;
-
Informar e orientar funcionários e famílias dos alunos;
-
Campanha de vacinação na escola pode ser organizada como forma de atualizar a vacinação de crianças, adolescentes e adultos.
Referências
Ballalai I, Petraglia T, Carvalho A P. Nota Técnica de Caxumba. – disponível em http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2012/12/Nota-Tcnica-Caxumba-SOPERJ-SBIm-SBP.pdf. Último acesso em 20.02.18
Cardemil C V, Dahl RM, James L, Wannemuehler K, Gary H E, e outros. Effectiveness of a Third Dose of MMR Vaccine for Mumps Outbreak Control. n engl j med 377;10 nejm.org September 7, 2017. – disponível em http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1703309. Último acesso em 20.02.18