Autor:Ekaterini S. Goudouris – Membro do Comitê de Alergia e Imunologia da SOPERJ
Ceratoconjuntivite alérgica
Os quadros de alergia ocular podem se manifestar como conjuntivite alérgica, em que há principalmente vermelhidão, lacrimejamento e coceira nos olhos, associado ou não a sintomas de alergia nasal ou rinite alérgica (coceira e secreção nasal, entupimento, coriza e espirros). A fotofobia (aversão à luz) pode acontecer, mas não é muito importante. Outro dado comum é a descamação da borda das pálpebras (que chamamos de blefarite). Dificuldades visuais ou dor não costumam ocorrer.
Em algumas ocasiões, a conjuntivite alérgica pode se manifestar em resposta ao contato com animais (cão, gato, roedores). Nesses casos, pode acontecer, logo após o contato, além dos sintomas acima, intenso inchaço nas pálpebras.
Uma outra possibilidade é a chamada conjuntivite papilar gigante, ocasionada pelo uso de lentes de contato. O que costuma ocorrer é coceira, secreção ocular clara e espessa e sensação de corpo estranho, logo após a colocação das lentes de contato. Não costuma ser grave, nem produzir risco para a visão.
Existem quadros mais graves de alergia ocular associados a acometimento da córnea. O que acontece nesses casos é uma coceira bem mais intensa, com fotofobia importante, podendo evoluir para lesões mais significativas de córnea, com ulcerações e comprometimento da visão. São dois os quadros mais graves: a ceratoconjuntivite primaveril e a ceratoconjuntivite atópica. A ceratoconjuntivite primaveril costuma acometer crianças, está associada a piora na época da primavera e pode estar associada a outros quadros de alergia como rinite e asma. A ceratoconjuntivite atópica acontece mais comumente em pacientes adultos e está associada a quadros de alergia cutânea (dermatite atópica). Esses são também os tipos de alergia ocular mais difíceis de tratar.
O tratamento envolve colírios de vários tipos e, em alguns casos, também medicamentos por via oral. Cuidados especiais devem ser tomados com o uso de colírios de corticóide, bastante eficazes, mas que, se usados com muita freqüência podem produzir efeitos colaterais importantes, como catarata e glaucoma.
Importante é atentar para a necessidade de acompanhamento médico especializado (oftalmologista e/ou alergista), principalmente nos casos mais graves e resistentes a tratamento.
Ekaterini S. Goudouris Profª Departamento de Pediatria da UFRJ e médica do Serviço de Alergia e Imunologia do IPPMG – UFRJ Membro do Comitê de Alergia e Imunologia da SOPERJ