Autor:Kenia Di Marco
Neuropediatra da SOPERJ dá dicas de como descobrir se é ou não enxaqueca
Ao contrário do que grande parte das pessoas pensa, enxaqueca é um tipo de dor de cabeça muito freqüente na infância. A neuropediatra Lúcia Fontenelle, presidente do Comitê de Neurologia da SOPERJ, explica que “de acordo com a idade e o sexo, a incidência da enxaqueca varia de 5 a 10% na população infantil, sendo mais comum nas adolescentes”.
Segundo a neuropediatra, a idéia de que criança não tem enxaqueca é conseqüente de duas questões. “A primeira está relacionada às dificuldades da criança pequena em caracterizar o tipo de dor que sente e informar adequadamente aos pais. A segunda certamente está ligada ao perfil clínico da enxaqueca infantil, que é um pouco diferente da crise sofrida pelo paciente adulto. É comum que os pais que tenham enxaqueca não reconheçam que a dor de cabeça que tanto incomoda os filhos seja, também, enxaqueca”, afirma a especialista.
Lúcia Fontenelle lembra que a enxaqueca do adulto caracteriza-se por dor que costuma se situar numa metade da cabeça, ser latejante, intensa e prolongada, e, muitas vezes, acompanhada de náuseas, fotofobia e fonofobia (a luz e o barulho incomodam em demasia). Geralmente o paciente não consegue participar de qualquer atividade. Ele falta ao trabalho, procura um ambiente escuro e quieto, se automedica com analgésicos e procura dormir para ter alívio”. Já a criança, também não consegue ir ao colégio, pára de brincar e procura o mesmo ambiente silencioso e escuro para adormecer. “Mas, ao contrário do adulto, a dor nem sempre se localiza na metade da cabeça, muitas vezes não é latejante, e possui menor duração. Em alguns casos, a luz e o barulho não incomodam. Quanto menor a criança, mais diferentes são as características da enxaqueca”.
Até mesmo os bebês podem sofrer de enxaqueca. “No caso deles a enfermidade pode se expressar pelo chamado torcicolo paroxístico ou seja, desvio transitório da cabeça, ora para o lado direito, ora para o esquerdo. Um pré-escolar pode apresentar vertigem, dor abdominal e vômitos cíclicos, entre outros sintomas – como manifestação da enxaqueca – mesmo quando tais quadros não são acompanhados por dor de cabeça. Nessa hora, é difícil para o médico reconhecer o diagnóstico e em alguns casos a conclusão, de que é ou não enxaqueca, só chega quando a criança cresce e apresenta manifestações mais típicas”, confirma Fontenelle.
Uma boa “pista” para auxiliar o diagnóstico é certificar que familiares próximos – mãe, tia, avó, por exemplo – têm enxaqueca. “É muito importante que os pais estejam atentos para esse tipo de problema porque a consulta ao especialista permite o diagnóstico precoce e conseqüentemente o tratamento adequado das crianças. Se as crises forem freqüentes é necessária a prescrição de medicamentos preventivos. Analgésicos comuns são muito bem indicados quando as crises de enxaqueca são intercaladas por um bom espaço de tempo, sem dor de cabeça”, finaliza a presidente do Comitê de Neurologia da SOPERJ.
Fonte:Assessoria de Imprensa