Autor:Dra. Maria de Fátima Goulart Coutinho
quem mais saberia fazê-lo?
Tentam. Insistem, caprichando.
Mandam vir o leite mais nobre.
Ovos de qualidade são os mesmos,
manteiga, a mesma,
iguais açúcar e canela.
É tudo igual. As mãos (as mães?)
são diferentes.
Carlos Drummond de Andrade
Nesse mês de maio, momento em que nossas emoções estão voltadas para as comemorações em torno do “Dia das Mães”, é preciso refletir acerca do processo de mudança que se passa na experiência da maternidade.
A “invenção da maternidade” tem início no final do séc. XVIII, limitando-se a função social feminina à realização da maternidade, destacando o amor materno, ao entender que as relações afetivas eram essenciais para o desenvolvimento da criança.
A transição do antigo modelo de maternidade – mulher exclusivamente mãe – para um modelo moderno de maternidade – mulher também como mãe, entre outras possibilidades – deu-se com a consolidação da sociedade industrial. Isso resultou numa nova mulher que, apesar de sua atuação no mercado de trabalho, ainda é cobrada quanto ao velho modelo de mãe idealizada, quando já tem outros interesses, expectativas e alternativas para se realizar como mulher.
As conquistas tecnológicas, sobretudo no campo da contracepção e da concepção, trouxeram maiores possibilidades na escolha da maternidade. Depois de conquistar a liberdade de exercer a sexualidade desvinculada do matrimônio, de planejar e decidir a maternidade, a mulher pode também optar por viver a maternidade sozinha, sem depender da presença do companheiro. Todas essas condições certamente repercutem na organização familiar e nos sentimentos relacionados à maternidade, o que exige uma nova abordagem pediátrica.
No entanto, apesar de toda essa transformação, as meninas treinam, desde a infância, o papel de boa mãe, segundo o qual devem ser capazes de enormes sacrifícios, sendo amáveis e acolhedoras em tempo integral.
E a mulher pediatra não é diferente, tem os mesmos sonhos. É preciso planejar a chegada dos filhos de forma a assegurar-lhes a atenção que muito bem conhece como indispensável para o desenvolvimento adequado. É preciso garantir o equilíbrio emocional para ser uma mãe suficientemente boa e entender que nunca alcançará a perfeição, pois ela não existe.
Nesse Dia das Mães, a SOPERJ quer parabenizar todas as mães, mas quer dar um especial abraço nas MÃES PEDIATRAS cuja sensibilidade afugenta a tristeza e compartilha as ansiedade das crianças e adolescentes a quem se dedica, cuja valorização da função materna desenvolve-lhe a capacidade de se superar como mulher.
Feliz Dia das Mães!