Autor:Dra. Maria de Fátima Goulart Coutinho
Fundo das Nações Unidas para a Infância ( UNICEF)
Em março, comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Nessa época, a cada ano, o mundo inteiro discute o papel da mulher na sociedade, buscando a igualdade de gênero, crucial para o progresso humano e para o desenvolvimento sustentável.
Avanços significativos já ocorreram, mas, embora o fortalecimento do movimento feminista tenha trazido o direito ao voto e a discussão da sexualidade, ainda vemos discriminação, explícita ou não seja através da discriminação salarial ou intelectual, da violência masculina, da jornada excessiva de trabalho.
Alguns autores garantem que a mulher é quem mais sofre, tanto a violência de comportamento como a violência estrutural, uma vez que a sociedade, ao atribuir-lhe um papel secundário, limita sua cidadania em todos os níveis de hierarquia social (Brasil. MS. Secretaria de Vigilância em Saúde. Impacto da Violência na Saúde dos Brasileiros, 2005)
A violência contra a mulher, conhecida como violência de gênero porque se relaciona à condição de subordinação da mulher na sociedade, é uma questão de saúde pública, tendo seus parceiros como principais agressores.
Em relação a AIDS, embora o Brasil apresente queda nos casos de transmissão vertical e na taxa de incidência no sexo masculino, mostra aumento no sexo feminino (Boletim Epidemiológico AIDS/DST – Janeiro a Junho de 2006). Esse aumento está presente em todas as faixas etárias acima de 30 anos e, mantém a característica de ser de transmissão heterossexual em sua quase totalidade (94,5%).
Na área de trabalho, as mulheres brasileiras representam cerca de 42% da população economicamente (Estudos e Pesquisas Dieese, 1(6), 2005) e mais de um quarto das famílias são chefiadas por elas. Apesar de possuírem maior nível de escolaridade que os homens, não ocupam funções compatíveis com sua formação, além de terem remuneração menor se comparada ao sexo oposto (77,9%).
Eliminar a discriminação de gênero e aumentar o poder da mulher são dois dos principais desafios com que o mundo se depara nos dias atuais, pois mulheres saudáveis, instruídas e livres permitem que a infância floresça e o país prospere.(Situação Mundial da Infância 2007. Fundo das Nações Unidas para a Infância ( UNICEF)
Nesse momento de conscientização de que a igualdade de gênero e o bem-estar da criança e do adolescente são indissociáveis, a Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro – SOPERJ, entendendo que as mulheres sejam as principais catalisadoras de mudança, mas consciente da importância do papel que os homens desempenham na promoção de igualdade e na tomada de decisões, convoca a comunidade pediátrica do Estado do Rio de Janeiro para, através de estratégias simples e diretas, combater a discriminação de gênero nas comunidades sob sua atuação.
Para finalizar, gostaria de lembrar ao poeta que, embora “a mulher pense com o coração, aja pela emoção e vença pelo amor”, seu compromisso com a alma que hospeda em seu ventre, a quem dá asas e ensina a voar, é mais forte que tudo e é por quem todos nós precisamos lutar.
Parabéns, mulher brasileira! Parabéns, PEDIATRA MULHER!