Ensino

SESSÃO CLÍNICA DOS RESIDENTES: UM NOVO OLHAR PEREIRA SMP, COUTINHO FG, AIRES V, SAINTIVE S.
Residência Médica/ Divisão de Ensino do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão
introdução: de acordo com a Comissão Nacional de Residência Médica, 10 a 20% da carga teórica da residência médica em Pediatria devem ser distribuídas em atividades teóricas: sessões clínicas, seminários, aulas. objetivo: relatar a experiência da modificação do perfil da Sessão Clínica. referenCiAl teóriCo: o caso a ser apresentado na Sessão Clínica tinha como critério de seleção tratar-se de doença rara ou de evolução incomum; a comunidade acadêmica conhecia o caso no início da atividade através de relatos impressos; a sessão era dividida em 4 momentos: descrição do caso, discussão das hipóteses diagnósticas, comentários dos especialistas e exposição teórica sobre o tema relacionado ao diagnóstico; a platéia era formada principalmente por médicos e alunos do curso de Medicina. método: relato da experiência da evolução das sessões clínicas. resultAdos: após 2004, passaram a ser priorizados casos da prática diária, ressaltando-se aspectos relacionados à epidemiologia e à prevenção, tendo a medicina baseada em evidências como paradigma teórico; foi criado um grupo de discussão eletrônica para envio antecipado do caso, com inclusão de toda a equipe multiprofissional, ex-alunos e colegas de outras instituições. Educadores, conselheiros tutelares e outros profissionais que participaram do cuidado à criança/família em discussão passaram a ser convidados; a platéia passou a ser formada pelos profissionais acima citados, além de convidados de outras áreas do conhecimento como educador, conselheiro tutelar, defensor público que tenha tido alguma participação no atendimento à criança em questão; a exposição teórica, ao final, foi substituída por breves citações bibliográficas atualizadas. O diagnóstico passou a ser disponibilizado, via correio eletrônico, no dia seguinte à apresentação. Os residentes, a principio, apresentaram resistência em optar por casos da prática diária, que consideravam de pouco interesse e tiveram dificuldade em abordar os aspectos sócio-culturais, familiares e éticos. Progressivamente, o olhar foi se modificando. Passaram a valorizar, com criatividade, os contextos ético, afetivo, social e cultural. Temas polêmicos, como paciente terminal, violência na infância, pobreza, têm sido espontaneamente selecionados. A freqüência às sessões aumentou e os colegas moradores em outras cidades têm participado ativamente através do meio eletrônico. ConClusões: a sessão clínica é um importante espaço de aprendizado para o residente. As mudanças introduzidas permitem que residente desenvolva um olhar crítico e criativo, valorize o trabalho multiprofissional e discuta o processo saúde/doença como fenômeno social.

Fonte:Revista de Pediatria SOPERJ – Ano 7 – nº 1 (SUPLEMENTO – VII CONSOPERJ) – Abril de 2006