Autor: Dr. Giuseppe Pastura MD, PhD.
Professor da Faculdade de Medicina da UFRJ
Membro do Departamento de Saúde Escolar da SOPERJ
Fique ligado! Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
O que é?
Segundo os critérios da 5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), indivíduos com esta condição clínica apresentam maior grau de desatenção e hiperatividade do que aqueles de mesma idade e desenvolvimento. Associa-se a comprometimento funcional, ou seja, o indivíduo acometido necessariamente deve apresentar problemas escolares, familiares e/ou de relação com os colegas.
É um transtorno comum?
O TDAH é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais comuns da infância e acomete cerca de 5% das crianças em idade escolar.
É mais comum em meninos ou meninas?
A maioria dos estudos publicados até o momento mostra uma proporção de TDAH maior entre crianças do sexo masculino do que entre aquelas do sexo feminino. As razões variam entre 10:1 em amostras clínicas e 3:1 em amostras populacionais.
Quais são suas causas?
Existem tanto fatores genéticos ligados aos genes do metabolismo da dopamina como fatores ambientais (prematuridade, uso de álcool e tabaco na gestação) ligados ao desenvolvimento desta condição clínica.
Quais são os principais sintomas?
Os sintomas mais comuns de desatenção são: dificuldade para prestar atenção em detalhes e presença de erros por falta de atenção nos deveres; dificuldade de manter a atenção no que está fazendo; dificuldade para terminar o que começa e deixar deveres de casa, tarefas domésticas ou deveres profissionais sem terminar; e perder coisas necessárias para as tarefas diárias. Os sintomas mais comuns de hiperatividade são: mexer as mãos e os pés mesmo quando está tentando ficar sossegado; levantar-se da cadeira em situações nas quais deveria ficar sentado; falar demais; ter dificuldade de esperar sua vez; e intrometer-se nas conversas alheias.
Existem exames complementares que possam auxiliar no diagnóstico?
O diagnóstico de TDAH é eminentemente clínico, ou seja, o médico realiza o diagnóstico baseado exclusivamente na história e no exame físico do paciente. A solicitação de exames complementares, tais como eletroencefalograma e ressonância magnética do crânio, deve ser feita somente nos casos em que o médico suspeita de outra condição clínica em comorbidade, como epilepsia, por exemplo.
Quais são as melhores formas de tratamento?
Os estudos clínicos evidenciam que os melhores resultados são obtidos com a combinação de uso de medicação e terapia cognitivo-comportamental. Os medicamentos recomendados são os estimulantes do sistema nervoso central, como metilfenidato e lis-dexanfetamina.
E se não tratar? Quais são os riscos?
Pacientes não tratados possuem maior risco de evasão escolar, fracasso profissional, problemas matrimoniais e uso de drogas.
Referências
- American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th edition (DSM-V). Washington, DC: American Psychiatric Association, 2013.
- Polanczyk GV, Willcutt EG, Salum GA, Kieling C, Rohde LA. ADHD prevalence estimates across three decades: an updated systematic review and meta-regression analysis. Int J Epidemiol. 2014 Apr;43(2):434-42.
- Subcommittee on Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder, Steering Committee on Quality Improvement and Management. ADHD: Clinical Practice Guideline for the Diagnosis, Evaluation, and Treatment of Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder in Children and Adolescents. Pediatrics Nov 2011, 128 (5) 1007-1022.