Autor:Kenia Di Marco
Pediatra da SOPERJ orienta como evitar a febre reumática
Você sabe o que é a febre reumática? Não muito divulgada e até mesmo desconhecida pelos brasileiros, a febre reumática é a causa de muitas mortes no país. Para melhor esclarecer o assunto à sociedade, o Comitê de Cardiopediatria da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ) promove na terça-feira, 17.08, às 11 horas, o Curso Itinerante de Cardiopatia abordando o tema “Febre Reumática”, no auditório geral do Hospital Municipal Jesus, que fica na rua Oito de Dezembro, 717 (Vila Isabel). A presidente do Grupo de Trabalho em Febre Reumática da SOPERJ, Regina Müller, explica que “em alguns casos, de dez a 14 dias após uma infecção na garganta causada pela bactéria Estreptococo e que seja tratada de forma inadequada, os pacientes podem apresentar os sintomas da febre reumática, com inflamação das articulações (juntas), e que pode progredir para a inflamação do coração e do cérebro, mais raramente”.
A cardiologista pediátrica lembra que a doença não demonstra tanto perigo quando se trata do acometimento reumático ou das juntas (artrite). “Este caso não resulta em seqüelas, como deformidades ou limitações presentes em outras formas de problemas reumáticos, como artrite reumatóide e lupus”. A inflamação do coração (cardite), especialmente das válvulas, prejudica o funcionamento do órgão, “causando sintomas como cansaço, coração acelerado, além do sopro (ruído revelador de problema no coração)”, alerta Müller. Em muitos casos deixa uma cicatriz nas válvulas, cardíacas, tornando-as insuficientes, que pode durar a vida inteira. Muitas vezes faz-se necessária uma cirurgia plástica ou troca dessas válvulas mais tarde, causando muito sofrimento ao paciente.
Outros locais do corpo também podem inflamar com a febre reumática, como os vasos da pele, causando manchas vermelhas ou caroços, ou o cérebro, provocando movimentos anormais do corpo (coréia).
Para evitar novos surtos a médica diz que as pessoas portadoras de febre reumática devem utilizar um antibiótico injetável, a penicilina benzatina (Benzetacil), que é capaz de permanecer circulando no corpo por 21 dias, impedindo a infecção de garganta pela bactéria. “Infelizmente, é necessário tomar uma injeção a cada 21 dias para se proteger da doença, o que explica o abandono do tratamento de muitos pacientes que não entendem bem a sua real necessidade, sendo vítimas de novas crises”, garante.
Por essa razão, o mais importante é que se evite a doença antes dela chegar, tratando adequadamente as infecções de garganta causadas pelo Estreptococo. Isso se faz com uma dose única da penicilina benzatina em forma injetável, ou usando dez dias de antibióticos orais, como a amoxicilina, o que se torna bastante difícil para as mães, uma vez que no quinto dia de tratamento, a criança já não sente mais a dor de garganta, e não quer mais tomar o remédio.
Atualmente já é possível acompanhar as crianças portadoras de febre reumática nos centros de referência: Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira – UFRJ (Ilha do Fundão), Hospital Geral de Bonsucesso (Bonsucesso), Hospital dos Servidores do Estado (Centro), Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ (Vila Isabel), Hospital Municipal Jesus (Vila Isabel), Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Humaitá), Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras (Laranjeiras) e Hospital Getúlio Vargas Filho (Niterói).
Fonte:SOPERJ