NOTA DA SOPERJ SOBRE A MORTE DE JOÃO HÉLIO

A Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro não poderia deixar de manifestar seu sincero pesar pela morte brutal do menino João Hélio de apenas 6 anos. Trata-se de uma situação inimaginável antes do trágico acontecimento. Infelizmente, dramas como esse criam sentimentos de indignação e revolta em toda a sociedade e traz a tona o desejo de excluir, ou mesmo exterminar, os autores de tal barbárie.
Mas são nesses momentos de choque que devemos refletir sobre todos os envolvidos: jamais poderemos dimensionar o tamanho do sofrimento de João Hélio e de sua família, mas também não podemos deixar de admitir que falhamos todos ao permitir, passivamente, que crianças inocentes e puras viessem a se tornar verdadeiros monstros.
Como entender o que se passa com nossos jovens que, cada vez mais, engrossam a massa da criminalidade e se tornam os principais protagonistas de cenas insanas de extrema violência? O que teria ocorrido com eles durante os períodos da infância e adolescência que os leva a optarem pela marginalidade.
É verdade que as soluções para reduzirmos a criminalidade devem passar por grandes melhorias dos sistemas policial e judiciário. Mas não se pode negar que a oferta de oportunidades aos jovens é o trunfo maior a ser atingido.
Crianças que ao nascerem só têm acesso a um sistema público de saúde deficiente, que raramente conseguem ser assistidas por escolas de educação infantil e que freqüentam escolas do ensino fundamental com professores desestimulados e instalações precárias. Que freqüentemente vivem subjugadas pelo poder da violência, da carência e do preconceito e que, por fim, são obrigados a ingressar numa sociedade que sempre os ignorou e que passa a exigir-lhes comportamentos que nunca lhes foi ensinado.
Não há como ignorarmos tudo isso. Esses jovens que cometeram esse crime bárbaro não serão mais capazes de adotarem um comportamento social aceitável. Provavelmente, não tiveram acesso às boas oportunidades. Mas e seus irmãos, primos, vizinhos…, o que lhes será oferecido para que não se tornem bandidos daqui a 5, 6 ou 10 anos? Não seria a hora adequada para começarmos a agir?
Conanda se solidariza com a família de João Hélio e divulga propostas de combate à violência

Fonte:SBP Notícias