volta às aulas constitui uma excelente oportunidade de abordar um problema muito preocupante em todo o mundo, e em particular no Brasil: o aumento expressivo de peso em nossa população infanto-juvenil. Segundo Walter Taam Filho, presidente do Comitê de Nutrologia da SOPERJ, uma grande parcela de tempo de nossas crianças se dá no ambiente escolar, onde se alimentam, brincam e despendem energia. “Não é concebível que qualquer estratégia de controle de sobrepeso e obesidade não passe obrigatoriamente por intervenções e participação efetiva da escola nesse processo.
Além disso, o ambiente escolar pode ser um local propício para identificação das crianças em risco de tornarem-se obesas”, diz ele.
Os resultados de programas usando a escola como base sugerem que podem ter êxito e atingir um significativo número de crianças que precisam prevenir a obesidade. O aumento na atividade física de forma espontânea nas brincadeiras, e de forma inserida no currículo, tem sido uma abordagem que parece ser eficaz.
Walter Taam lembra que outra forma de atuação se dá no controle do que essas crianças ingerem. “E aí encontramos o fantasma da cantina escolar, apontada como vilã e grande formadora de obesos”, destaca. Sem dúvida as ações são mais controláveis nas escolas públicas municipais, uma vez que o cardápio servido é programado e supervisionado por nutricionistas do INAN (Instituto de Nutrição Annes Dias).
Além de formularem uma alimentação visando às necessidades nutricionais, estes profissionais estão atentos ao aumento de casos de sobrepeso e obesidade.
“Nos ambientes das escolas particulares, o agravamento se dá na medida que as crianças maiores costumam ter livre acesso e escolha de suas refeições, o que os torna mais suscetíveis a opções inadequadas. O oferecimento de alimentos mais saudáveis pela cantina só terá sucesso se acompanhado de ações desenvolvidas pela escola em suas atividades diárias. Mas não podemos nos esquecer do envolvimento da família da criança, ponto este em geral desconsiderado e fundamental”, salienta. O presidente do Comitê de Nutrologia destaca algumas ações que podem ajudar neste aspecto: 1. Limitar a compra de alimentos prontos, habitualmente mais ricos em gordura e energeticamente densos, tais como biscoitos recheados,”cheetos”, etc.
2. Comer lanches com menos gordura e evitar bebidas açucaradas e refrigerantes. Preferir sucos não adoçados ou mesmo água.
3. Levar lanche de casa, para as crianças menores.
Os maiores já não aceitam esta opção.
4. Estimular a cantina a oferecer opções além dos tradicionais salgadinhos e hambúrgueres.
5. Estimular a discussão do tema e a participação dos pais neste processo de aquisição de hábitos alimentares, uma vez que, se em casa nada disto for trabalhado, o esforço desenvolvido pela escola será bastante prejudicado e a cantina continuará a ser o “bode expiatório”.
6. Estimular substituições que sejam menos calóricas e mais bem aceitas pelas crianças.
Por Ex: substituir o queijo amarelo por branco, usar requeijão “light” em lugar da maionese, pão integral ao vez de pão francês, peito de peru no lugar do presunto ou mortadela. São trocas que implicam em menor teor calórico.
7. Estimular o consumo de frutas frescas sempre que possível e as condições de conservação permitirem.
“É importante lembrar que crianças desenvolvem seus hábitos nutricionais desde a tenra idade e é nesta fase que devemos estar atentos como Pediatras na orientação dos pais, para que não tenhamos problemas em idades maiores, com hábitos já arraigados e de muito mais difícil modificação”, finaliza Walter Taam Filho, presidente do Comitê de Nutrologia da SOPERJ.