PediNews 01

Janeiro/Fevereiro de 2025 |  Edição 01/2025
Tempo de leitura: 19 minutos


A newsletter bimensal da SOPERJ que conecta você com o que há de novo na pediatria

Curiosidade 🧐

“Você sabia que os mosquitos têm preferências ao escolher suas vítimas? Eles são atraídos pela combinação de calor corporal, odor, dióxido de carbono exalado e ácido lático presente no suor. Com receptores sensíveis e visão apurada, conseguem identificar sua próxima refeição a até 50 metros de distância!”

📋 NESTA EDIÇÃO: 🏃‍♂️ movimente-se com as novidades!

Atualiza Aí: VSR e imunização – tudo o que você precisa saber (até o momento)!  Leia Mais

Atualiza Aí: Febre do Oropouche (OROV) – um novo vírus na mira do pediatra Leia Mais

De Olho no RJ: Intoxicações exógenas: o perigo invisível que precisamos reconhecer! Leia Mais

De Volta ao Básico: Intoxicação por Organofosforados e Carbamatos: revisitando os conceitos Leia Mais

Fora da Casinha: Recibo digital de serviços de saúde agora é obrigatório! Leia Mais

Saindo do Forno: O que há de novo na pediatria? Confira os artigos atuais! Leia Mais

Prata da Casa: Celebrando as conquistas, publicações e projetos dos nossos colegas Leia Mais

Do Outro Lado da Mesa: A Julia Nascimento, estudante de Jornalismo, nos contou um pouco da sua impressão sobre o filme “Ainda estou aqui” Leia Mais

Caleidoscópio: “A dúvida”, o primeiro artigo da coluna de reflexões do Roberto Cooper Leia Mais

 Agenda Pediátrica:  Fique por dentro dos próximos eventos  Leia Mais

 Atualiza Aí

VSR e imunização – tudo o que você precisa saber (até o momento)!

Esse é o assunto do momento, não é? Nos últimos meses, você provavelmente recebeu uma enxurrada de artigos e diretrizes sobre a vacina e o anticorpo monoclonal contra o VSR. Mas, com tanta informação, por onde começar? O que seguir?

Fique tranquilo! Preparamos um infográfico atualizado e direto ao ponto para te ajudar a entender quem deve receber, quando indicar e o que há de novo

(Fonte: criado por Dra. Patrícia Barreto, Pneumologista Pediátrica e Vice-Presidente da SOPERJ)

 

Quando Achamos Que Estava Tudo Pronto… Uma Surpresa Contra o VSR!

A edição já estava fechada, os toques finais dados… e eis que, no dia 13 de fevereiro de 2025, surge uma novidade que não podíamos deixar de fora: a Conitec recomendou a incorporação de duas novas estratégias de prevenção contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) no SUS!

Nirsevimabe – Anticorpo monoclonal de longa ação, recomendado para todos os bebês prematuros e/ou com comorbidades, reduzindo o risco de infecção respiratória grave.

Vacina contra o VSR para gestantes – Proteção passiva para recém-nascidos, prevenindo formas graves da doença nos primeiros meses de vida.

Mas afinal, o que é a Conitec e o que isso significa na prática?

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) é o órgão responsável por avaliar e recomendar novos medicamentos, vacinas, exames e tratamentos para possível inclusão no SUS. Sua análise se baseia em critérios como eficácia, segurança e custo-benefício.

Mas atenção: a recomendação da Conitec não significa implementação automática no SUS. Após essa etapa, o Ministério da Saúde precisa decidir se e quando a nova tecnologia será oficialmente incorporada e disponibilizada à população.

Seguimos acompanhando os próximos passos dessa importante conquista para a pediatria!

🦟 Febre do Oropouche (OROV) – um novo vírus na mira do pediatra

A febre do Oropouche é uma arbovirose transmitida pelo mosquito Culicoides paraensis, também conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Isso mesmo, mais um mosquito na nossa lista.

(Imagem: Agência Fiocruz de Notícias)

 

 

Como diferenciar a febre do Oropouche das outras arboviroses?

Para te ajudar, criamos um fluxograma simplificado de diagnóstico diferencial das arboviroses do “momento” (clique aqui ou na imagem para visualizar em maior escala). É claro que sabemos que existem exceções e as doenças podem se apresentar de formas diferentes, mas é um bom início. 

 

 

(Fonte: autor)

Quer ir à fonte? Alguns artigos aqui: Zika | Dengue | Chikungunya | Oropouche

Acesse aqui, em tempo real, o Painel Epidemiológico do Ministério da Saúde sobre os casos notificados de Oropouche.

Dê uma olhada no Documento Científico da SBP sobre uso de repelentes.

Como diferenciar o tipo de rash? Este artigo faz uma revisão bem interessante!

De Olho no RJ

🏥 Intoxicações exógenas: o perigo invisível que precisamos reconhecer!

“Sem cheiro, sem cor, sem gosto – e letal. O arsênico, conhecido como o ‘rei dos venenos’, foi a arma secreta de muitos envenenadores ao longo da história.”

(Fonte: Wikipédia)

Nos últimos meses, casos de envenenamento por chumbinho e arsênico ganharam destaque na mídia, reforçando a importância de considerar intoxicações exógenas no diagnóstico diferencial. Em outubro de 2024, um menino no Rio de Janeiro foi envenenado por bombons contaminados com chumbinho. No mês seguinte, no Piauí, três jovens morreram após ingerirem arroz contaminado. Já em dezembro, no Rio Grande do Sul, um caso de homicídio foi associado à ingestão de um bolo contendo arsênico, resultando na morte de três mulheres.

Embora sejam tragédias individuais, esses episódios ressaltam um ponto essencial: a intoxicação exógena pode passar despercebida e, sem um diagnóstico rápido, pode ser fatal. Pediatras e emergencistas devem estar atentos a sinais precoces que indiquem envenenamento, especialmente quando há sintomas inespecíficos que podem simular quadros infecciosos, neurológicos ou metabólicos.

A intoxicação por organofosforados e carbamatos, como o chumbinho, causa a síndrome colinérgica, com sintomas como confusão mental (podendo evoluir para coma), miose, sudorese, lacrimejamento, salivação excessiva, aumento das secreções brônquicas, bradicardia e fasciculações musculares. O manejo envolve suporte ventilatório, atropina para reverter os sintomas muscarínicos e, nos casos de organofosforados, o uso de pralidoxima (para reverter as manifestações nicotínicas) – embora este último não esteja disponível no Brasil.

O arsênico, conhecido desde a Antiguidade como arma química silenciosa, ainda é responsável por intoxicações graves. Na toxicidade aguda, pode causar diarreia intensa (tipo “água de arroz”), dor abdominal, vômitos e choque refratário. Já os quadros tardios incluem neuropatia periférica. O tratamento envolve suporte hemodinâmico agressivo, quelantes (dimercaprol, succímero) e, em casos graves, diálise.

O grande desafio do diagnóstico das intoxicações exógenas está na ampla variação dos sintomas. Muitas substâncias apresentam quadros inespecíficos, tornando o diagnóstico diferencial complexo. Além disso, nem sempre há história clara de exposição. Em pacientes com insuficiência respiratória súbita sem causa infecciosa evidente, instabilidade hemodinâmica inexplicada ou alterações neurológicas atípicas, a suspeita de intoxicação deve ser considerada. Alterações no tamanho da pupila, hipotermia ou hipertermia sem justificativa e sinais de depressão do sistema nervoso central também podem ser pistas importantes.

Casos de intoxicação, seja por tentativa de homicídio, suicídio ou exposição acidental, são eventos tempo-dependentes, onde a rápida identificação e o manejo adequado fazem toda a diferença no desfecho. Diante de um quadro grave sem explicação clara, pensar em intoxicação pode salvar vidas!

 

Você sabia?

As linhas de Mees, faixas brancas transversais nas unhas, são uma complicação tardia da intoxicação por arsênico, mas não são exclusivas desse quadro! Elas também podem aparecer em outras condições, como intoxicação por tálio, fluorose, infecções graves, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doenças malignas (incluindo quimioterapia). Se notar faixas esbranquiçadas nas unhas de um paciente com sintomas gastrointestinais e neuropatia periférica, considere intoxicação exógena no diagnóstico diferencial!

 De Volta ao Básico

Intoxicação por Organofosforados e Carbamatos: revisitando os conceitos

🔎 Onde são encontrados?
Agropecuária: inseticidas, herbicidas, nematicidas
Veterinária: antiparasitários
Medicina: fármacos para miastenia gravis (Neostigmina, Piridostigmina) e Alzheimer (Donepezila, Rivastigmina, Galantamina)
Uso clandestino: raticidas ilegais como “chumbinho” (Aldicarb)

 

Fisiopatologia

A intoxicação por organofosforados e carbamatos ocorre devido à inibição da acetilcolinesterase, enzima responsável por degradar a acetilcolina (ACh). Com a enzima bloqueada, há acúmulo excessivo de ACh, levando à hiperativação dos receptores colinérgicos, que se dividem em muscarínicos e nicotínicos.

 

🔬 Inibição da acetilcolinesterase → acúmulo de acetilcolina → hiperestimulação colinérgica

 

📍 Onde estão os receptores?

🛑 Relação com a Intoxicação por Organofosforados e Carbamatos

Organofosforados → Inibem irreversivelmente a acetilcolinesterase → intoxicação prolongada
Carbamatos → Inibem reversivelmente a acetilcolinesterase → intoxicação autolimitada

🚨 Gravidade máxima? Quando há envolvimento do SNC e do sistema respiratório → insuficiência respiratória fatal se não tratada a tempo.

 

Complicações tardias:
Síndrome intermediária (24-96h pós-intoxicação) → fraqueza proximal intensa + insuficiência respiratória

Neuropatia retardada (1-3 semanas após exposição) → polineuropatia axonal progressiva

 

🏥 Manejo Clínico: Ação rápida salva vidas

 

🔎 Hiperglicemia Transitória: Por que NÃO usar insulina?

Ocorre devido à hiperativação simpática → glicogenólise + resistência insulínica transitória
A glicemia se normaliza espontaneamente conforme o tóxico é eliminado
Insulina pode induzir hipoglicemia grave → contraindicação absoluta

 

💡 Dicas práticas

 

🔴 Arsênico“Sem cheiro, sem cor, sem gosto e letal.” 💀 Causa diarreia tipo água de arroz, neuropatia e choque.
⚠️ Chumbinho (carbamato) → Síndrome colinérgica: miose, sudorese, bradicardia, secreção excessiva.
Receptores muscarínicos → Localizados em glândulas, coração e músculo lisoSíndrome muscarínica (bradicardia, secreções excessivas, diarreia, miose)
Receptores nicotínicos → Presentes em gânglios autonômicos e músculosSíndrome nicotínica (hipertensão, fasciculações, paralisia)
🏥 Tratamento: Atropina (para efeitos muscarínicos) e Pralidoxima (se organofosforado).
Hiperglicemia transitória → NÃO use insulina!
Monitoramento ventilatório contínuo é essencial para evitar insuficiência respiratória.

 

Quer ir à fonte? Separamos um guia interessante para você se aprofundar no tema. Sobre arsênico, usamos o UpToDate como fonte. Quer uma consulta rápida? Dá uma olhada nesse documento do Albert Einstein, recomendado por uma associada da SOPERJ 😊

 

🤓 Você sabia?

Profissionais de saúde e a população em geral podem obter orientações emergenciais sobre intoxicações pelo Disque-Intoxicação da Anvisa, disponível 24h pelo número: 📞 0800-722-6001

Os Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) auxiliam no diagnóstico, conduta terapêutica e identificação do agente tóxico. 

No Rio de Janeiro, o centro de referência é o Hospital Universitário Antônio Pedro, localizado em Niterói: 📍 Endereço: Av. Marques do Paraná, 303 – Prédio da Emergência do HUAP – 2º andar – Centro, Niterói/RJ – 24.033-900.
Telefone: (21) 2629-9033. 📧 E-mail:
ccin@huap.uff.br

 Fora da Casinha

Recibo digital de serviços de saúde agora é obrigatório!

Atenção, Doc! Se você atende como pessoa física, a partir de 1º de janeiro de 2025, a emissão do Recibo Eletrônico de Serviços de Saúde (Receita Saúde) tornou-se obrigatória.

Essa mudança, regulamentada pela Instrução Normativa RFB nº 2.240/2024, busca evitar fraudes, facilitar a declaração do IRPF e melhorar o controle tributário. Agora, todo pagamento de serviço prestado deve gerar um recibo digital no aplicativo da Receita Federal. O paciente também poderá acessar o comprovante diretamente, sem necessidade de impressão.

 

📌 O que você precisa saber?

A emissão deve ser feita no momento do pagamento pelo paciente.
Se o pagamento for parcelado, um recibo deve ser emitido para cada parcela.
O recibo é gerado pelo App Receita Federal, disponível para celulares e tablets.
O profissional precisa ter conta gov.br (nível prata ou ouro) e estar cadastrado no Carnê-Leão Web.

O recibo pode ser cancelado em até 10 dias, caso tenha sido emitido com erro.

 

E se não for emitido? O profissional estará sujeito a multa e outras penalidades aplicáveis pela Receita Federal.

 

💡 Dica prática: se você já emite nota fiscal de serviços, ainda assim precisará do Receita Saúde, pois ele é o documento oficial para fins de dedução no IRPF.

📲 Baixe o app, regularize seu cadastro e evite problemas fiscais! 🔗 Mais informações: confira o Manual de Orientação Tributária.

 Saindo do Forno

O que há de novo na pediatria? Confira os artigos atuais!

💉 Aceitar ou recusar? O dilema dos pediatras diante de crianças não vacinadas

O New England Journal of Medicine (NEJM) publicou um artigo sobre o dilema ético dos pediatras: devem ou não atender pacientes cujos pais recusam vacinas? O estudo explora diferentes abordagens e as consequências dessa decisão para a saúde pública.

 

🍽️ Fome: além da biologia, um fenômeno social e comportamental

Uma revisão do NEJM discute como fatores socioeconômicos e culturais modulam a fisiologia da fome, com impacto direto na saúde infantil e no desenvolvimento cognitivo.

 

💊🍔 Obesidade infantil e o uso de medicamentos para perda de peso

A American Academy of Pediatrics (AAP) recomenda agonistas de GLP-1 no tratamento da obesidade infantil, mas um artigo no The Lancet Child & Adolescent Health alerta para possíveis riscos do uso prolongado durante fases críticas do desenvolvimento. O assunto está tão “em alta”, que também teve destaque no NEJM em duas publicações – uma de um ensaio clínico de liraglutida, um dos análogos de GLP-1; e o outro, de um editorial sobre essa classe de medicamentos para tratamento da obesidade.

 

💨 Pré-oxigenação antes da sedação pediátrica: ainda necessária?

Um novo estudo com 85.600 sedações pediátricas sugere que a pré-oxigenação pode atrasar o reconhecimento da hipoventilação e não reduz intervenções em via aérea. A recomendação de rotina foi reavaliada.

 

👁️ Retinopatia da prematuridade (ROP): 70 anos depois, onde estamos? 

Desde sua descrição em 1942, a ROP continua sendo um desafio na Neonatologia e Oftalmologia. Um artigo do Archives of Disease in Childhood analisa avanços no diagnóstico e tratamento, além das diferenças entre países de alta e baixa renda.

 

⚠️ Anti-histamínicos de primeira geração e risco de convulsões: um novo alerta!

Uma revisão recente do JAMA Pediatrics reforça que anti-histamínicos de 1ª geração (ex: hidroxizina) não devem ser a 1ª escolha devido ao aumento do risco de convulsões em crianças com predisposição, especialmente entre 6 e 24 meses. Esses achados reforçam as recomendações para evitar esses fármacos em crianças de risco.

 

👶❤️ Atualização no Teste do Coraçãozinho: o que muda? 

A AAP divulgou novas diretrizes para o conhecido “Teste do Coraçãozinho” (oximetria de pulso), essencial na triagem de cardiopatias congênitas críticas. As principais mudanças incluem: Algoritmo simplificado → Agora, apenas uma repetição do exame é necessária caso o primeiro resultado seja duvidoso. Ambiente adequado → O teste deve ser feito em ar ambiente. Para recém-nascidos em oxigenoterapia, deve ser adiado até o desmame do oxigênio, sendo a oximetria usada apenas para monitoramento clínico. O novo protocolo difere das recomendações da SBP, o que pode gerar discussões na prática clínica.

 

😴 Tonsilectomia parcial ou total? O dilema no tratamento da apneia obstrutiva do sono em crianças

A tonsilectomia intracapsular (subtotal ou parcial) tem sido cada vez mais utilizada no tratamento da apneia obstrutiva do sono (AOS) em crianças, mas seu papel ainda gera debates. Uma meta-análise com 32 estudos mostrou que a técnica reduz o tempo de recuperação e o risco de complicações pós-operatórias, mas também aumenta a chance de recrescimento das amígdalas, recorrência da AOS e necessidade de reoperação, quando comparada à tonsilectomia tradicional. Apesar do grande número de ensaios clínicos incluídos, a qualidade das evidências ainda é limitada. Estudos futuros são essenciais para definir quais pacientes se beneficiam mais de cada abordagem a longo prazo.

 

🤧 Nova Nota Técnica sobre Coqueluche! 

A SBIm e a SBP publicaram uma atualização essencial sobre a coqueluche, abordando o aumento global de casos, a importância da vacinação em gestantes e a necessidade de reforçar as coberturas vacinais. O documento traz dados epidemiológicos recentes, esquemas vacinais atualizados e estratégias de prevenção para conter a doença e proteger os lactentes.

Prata da Casa

Vamos celebrar as conquistas, publicações e projetos dos nossos colegas! 📢✨🚀

📌 Tem uma pesquisa publicada? Um prêmio recebido? Um projeto inovador? Este pode ser o seu momento de destaque! Envie sua pesquisa para o Prata da Casa🏆 https://forms.gle/wDM3doLH7Lf2oPgr6

🏆 MIS-C no Brasil: estudo multicêntrico no RJ desafia altas taxas de mortalidade

A mortalidade por síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (MIS-C) tem sido um tema de preocupação no Brasil, mas um estudo multicêntrico realizado no Rio de Janeiro traz novos dados importantes. Liderado por Leonardo Rodrigues Campos, como parte de sua tese de doutorado, contando com a colaboração essencial de pediatras de sete hospitais participantes, o estudo analisou 112 crianças e encontrou uma taxa de letalidade de 0,9%, muito inferior aos 6,76% relatados nacionalmente. Esses achados reforçam o impacto do manejo especializado e da assistência qualificada, destacando o papel fundamental da colaboração entre centros pediátricos no aprimoramento do cuidado à MIS-C. 🔗 Leia mais: The Pediatric Infectious Disease Journal

 

🏆 Simulação realística na pediatria: preparando futuros médicos para emergências! 🚑🎓

A formação de médicos para atuar em emergências pediátricas é um grande desafio. Em sua tese de doutorado, Nathalia Veiga Moliterno coordenou dois estudos inovadores que avaliaram o impacto da simulação realística de alta fidelidade no ensino médico. O primeiro estudo, publicado no Jornal de Pediatria, comparou esse método com a discussão de casos clínicos e demonstrou maior impacto da simulação no desenvolvimento de raciocínio clínico, comunicação e liderança. Já o segundo artigo, publicado na Revista Brasileira de Educação Médica, explorou a percepção dos estudantes, revelando que 96% consideram a associação entre simulação e discussão de casos o método ideal de aprendizado. 📌 Mais do que teoria, prática que salva vidas! 🔗 Leia mais: Jornal de Pediatria | Revista Brasileira de Educação Médica

 Do Outro Lado da Mesa

“Mãaaae, eu tô no OSCAR!!! 

A nossa querida atriz Fernanda Torres foi indicada ao Oscar 2025 como melhor atriz. O filme “Ainda estou aqui” retrata o desaparecimento do político Rubens Paiva, pai de Marcelo Rubens Paiva, durante a ditadura militar brasileira. Além da indicação de Melhor Atriz, a obra  também foi indicado para outras categorias, como Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro. 

Recebemos um texto muito bacana da Julia Nascimento, paciente e estudante de Jornalismo, que nos contou um pouco da sua impressão sobre o filme. Confere aí 😊

 

(Imagem: Secretaria de Comunicação Oficial)

 

“Ainda Estou Aqui, Tentando Encarar A História”

por Julia Pinto Nascimento

 

Com a direção de Walter Salles, Ainda Estou Aqui transcende o formato de um simples relato sobre Eunice Paiva e o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar. A obra se categoriza como uma reflexão intensa e dolorosa sobre as feridas profundas deixadas por esse período da história brasileira, ressoando em um país que ainda hesita em encarar seu reflexo no espelho turvo de seu passado. 

Ao revisitar o terror e os abusos da ditadura, o filme expõe um regime que calou vozes e a dificuldade crônica do Brasil em confrontar suas próprias contradições históricas. A narrativa destaca como a ausência de justiça, a banalização da memória e a impunidade dos responsáveis transformaram o esquecimento em um segundo ato de violência. Em vez de apenas denunciar os horrores do regime, Walter Salles desenha com delicadeza uma reflexão sobre o esquecimento, essa espécie de “morte em vida” que o Brasil parece abraçar. 

Nesse sentido, o filme não oferece respostas fáceis ou finais reconfortantes, ao contrário, repousa nas incertezas, como quem observa um abismo que não se deixa medir. O final, sem desfechos ou certezas, é uma metáfora cruel para um país onde a história permanece inacabada, onde perguntas ecoam sem jamais encontrar respostas. 

Além de uma homenagem à coragem de Eunice – que carrega em cada gesto o peso de uma memória teimosa, que resiste a desaparecer – e à memória de Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui é um alerta sobre os perigos do silêncio. Ele nos confronta com a necessidade urgente de revisitar e compreender a ditadura militar não como um capítulo encerrado, mas como um tema fundamental para a consolidação da democracia. O silêncio que emerge do filme não é vazio, mas repleto de gritos abafados, de verdades sufocadas, de histórias que clamam para serem ouvidas. 

O filme nos sussurra – ou grita – uma verdade irrefutável: somente enfrentando o que fomos é que poderemos sonhar com o que desejamos ser. E, em um Brasil que frequentemente tropeça em sua própria história, o resgate da memória não é apenas uma escolha ética, mas um dever para evitar que erros do passado sejam repetidos.

 Caleidoscópio

“A dúvida”

por Roberto Cooper

Pediatras jovens vivem assombrados por suas dúvidas. Pediatras mais velhos, se encantam com as suas. O que aconteceu no percurso de uma vida profissional para que a dúvida, de temida, se tornasse uma aliada do pediatra?

Pediatras jovens, se veem na obrigação do acerto completo de tudo e na primeira vez! É a pressão da cultura de performance, meritocracia, que nos rodeia. Uma cultura perversa, onde há uma perfeição atingível, só depende de você e do seu esforço. Se você ainda não a atingiu é porque não se esforçou o suficiente. Uma cultura que gera insegurança e culpa. A dúvida é exatamente a confirmação do seu desconhecimento ou incapacidade de optar entre alternativas. É a confirmação do seu fracasso, à luz dessa cultura massacrante. 

Pediatras mais vividos, mais velhos, ainda que submetidos à mesma cultura, aprenderam a relativizá-la, colocá-la em contexto. Entendem que essa cultura está a serviço não do paciente, nem do médico, mas de um grande sistema produtivo onde desenvolver um pensamento crítico, analítico, reflexivo, não interessa. Enquanto o jovem se debater entre a culpa por não saber e horas de mais estudos, não vai parar para pensar. É o que ocorre com os pediatras mais velhos que, em algum momento, param e pensam. Fazem exatamente o que o Eduardo, um dos nomes de Winnie the Pooh pensou ao descer as escadas:

“Aqui está o Urso Eduardo, descendo a escada, bump, bump, bump, batendo a cabeça, bem atrás de Christopher Robin. É o único jeito que ele conhece para descer escadas, mas às vezes ele imagina que deve ter outro jeito de se descer escadas. Se ao menos ele pudesse parar por um momento para pensar a respeito… mas aí ele sente que talvez não haja outro modo mesmo!” 

A diferença entre o jovem pediatra aflito com as suas dúvidas e o pediatra mais velho é que este parou e pensou por um momento. A dúvida não vai embora nunca, nem é um sentimento agradável. Dúvida gera desconforto e o que muda é que ao invés de continuar descendo as escadas e batendo a cabeça, esse desconforto é abraçado (e não repelido), trazido para perto, gerando uma tentativa de esclarecimento, um estudo, uma pesquisa, uma troca com outros colegas, sem culpa, mas com a humildade de ser reconhecer humano, liberto da compulsão de ser sobre humano.

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Equipe Editorial – PediNews

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Leonardo Rodrigues Campos – Editor-Chefe  LinkedIn
Maria Elisabeth Lopes Moreira – Editora Adjunta  Lattes
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