A urbanização, a modernização e a industrialização que ocorreram. Principalmente, a partir da década de 60 promoveram uma mudança na qualidade do ar sobretudo nas grandes metrópoles.
Os Efeitos da Poluição do Ar
Segundo o Dr. Evandro Prado, coordenador dos Departamentos Científicos e Grupos de trabalho da SOPERJ, a poluição do ar com a emissão de gases do efeito estufa e outros vem acarretando uma alteração na camada de ozônio aumentando a temperatura do planeta, possibilitando o degelo das grandes geleiras assim como a diminuição das camadas de neve em países muito frios. “O fenômeno do aquecimento global observado nos últimos anos vem trazendo inúmeros problemas para a saúde, principalmente para crianças e idosos.”
Muitos gases como dióxido de carbono(CO2), monóxido de carbono(CO), dióxido de nitrogênio(NO2), metano, dióxido de enxofre(SO2), podem ser mais inalados em áreas urbanas do que em áreas rurais. O desmatamento, as queimadas e a fumaça de indústrias levam à liberação desses gases extremamente nocivos à saúde.
Sintomas e Problemas de Saúde
O pediatria ressalta que o resultado da inalação desses gases podem levar a sintomas como tosse recorrente, desconforto para respirar, maior produção de muco e desenvolvimento ou agravamento de asma, principalmente em crianças de baixa idade. “Os gases são irritantes da mucosa brônquica e criam o que chamamos de hiperreatividade brônquica, ou seja, um brônquio reativo a fatores ambientais”, explicou o Dr. Evandro.
A poluição do ar também leva a mudanças climáticas que vem acontecendo com frequência nos últimos anos, como as tempestades, os alagamentos, os terremotos, os maremotos e os furacões.
Essas alterações climáticas acarretam em uma série de eventos que comprometem a saúde das crianças e adolescentes. Dr. Evandro explicou que uma das consequências mais importantes é a lesão da barreira epitelial que como o nome diz, é realmente uma barreira protetora para vários tecidos do organismo. Essa lesão altera o epitélio com possibilidade da penetração de microorganismos, toxinas e até mesmo alérgenos do meio ambiente.
Existem outros poluentes que são também desencadeantes de problemas respiratórios:
– Materiais particulados, liberados principalmente no tráfego urbano, como aqueles liberados da gasolina ou diesel.
– Microplásticos, produtos de degradação dos plásticos com menos de 5 mm de diâmetro são descritos hoje como um fator importante na eclosão de problemas respiratórios quando inalados. Eles estão em toda a parte: no sal de cozinha (ciclo do plástico – vai dos rios ao oceano e volta), roupas sintéticas, garrafas e embalagens e muitos outros produtos. Já foram detectados no sangue, no leite materno, na placenta, no sêmen e, mais recentemente, no sistema nervoso central.
O Dr. Evandro concluiu que não podemos ignorar que a poluição, seja atmosférica ou ambiental, vem trazendo inúmeros problemas para a saúde. “Precisamos cuidar do ambiente, pensar no que podemos fazer para proteger as nossas crianças pensando no seu futuro.”
Evandro Prado
Prof aposentado do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Membro do Departamento de Alergia e Imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Coordenador dos Departamentos Científicos e Grupos de trabalho da Sociedade de Pediatria do Estado Rio de Janeiro (SOPERJ)

