Com o fechamento das escolas por causa da pandemia de Covid-19, a estratégia dos governos para não prejudicar ainda mais o aprendizado escolar foi o ensino à distância. Mas, seis meses depois, a realidade de muitas crianças e adolescentes em vários países é bem distinta. Foi o que apontou o novo relatório sobre o assunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
O relatório Remote Learning Reachability (A acessibilidade do aprendizado remoto) mostrou que um terço das crianças em idade escolar (463 milhões no mundo) não conseguiu acessar as plataformas digitais oferecidas pelas escolas. No texto, alguns fatores são apontados como os responsáveis para essa limitação ao acesso remoto: o foco limitado na educação primária; as desigualdades sociais nos países e em uma mesma região; e ruralidade e pobreza.
Para analisar a questão foram consideradas a disponibilidade de tecnologia doméstica e as ferramentas necessárias para o aprendizado remoto, da educação infantil ao ensino médio. Os dados, coletados de 100 países, incluem acesso à televisão, rádio e internet e a disponibilidade de currículos oferecidos pelas plataformas digitais com o fechamento das escolas.
Mensagens Principais
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Globalmente, 72% das crianças em idade escolar que não possuem acesso ao ensino à distância vivem em regiões mais pobres dos países;
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31% das crianças em idade escolar em todo o mundo não possuem tecnologias domésticas para acessar as plataformas digitais ou não usufruem de políticas voltadas para as necessidades delas;
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Mesmo as crianças com tecnologia em casa podem ter dificuldades no aprendizado remoto por causa dos fatores externos: pressão das tarefas domésticas, ambientes desfavoráveis na hora dos estudos e falta de apoio para seguir com o currículo proposto;
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Três quartos dos estudantes sem acesso ao ensino digital no mundo vivem em áreas rurais;
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40% dos países não oferecem oportunidade de um bom ensino à distância na educação primária.
Com a volta às aulas prevista para outubro, o UNICEF alerta para que os governos deem prioridade à segurança dos alunos e chama a atenção para aqueles mais vulneráveis. A instituição destaca que o acesso à educação (seja presencial ou à distância) deve ser melhorado, e que os sistemas educacionais precisam ser adaptados e construídos para que em crises futuras o acesso chegue para todos.
O relatório faz parte da campanha Reimagine do UNICEF, criada para evitar que a pandemia se torne uma crise duradoura para as crianças. Os dados completos do documento podem ser conferidos no link.