Recentemente, um relatório do CDC (Centers for Disease Control and Prevention) foi emitido nos Estados Unidos sobre risco de diabetes em crianças e adolescentes pós Covid-19.
Vejam os comentários e observações sobre o documento, feito pela Dra. Renata Szundy Berardo, do Departamento de Endocrinologia Pediátrica da SOPERJ.
Comentário sobre Relatório Do CDC, de 14 de Janeiro de 2022, alertando para risco aumentado de diabetes em crianças e adolescentes pós Covid-10
Barrett CE, Koyama AK, Alvarez P, et al. Risk for Newly Diagnosed Diabetes >30 Days After SARS-CoV-2 Infection Among Persons Aged <18 Years — United States, March 1, 2020–June 28, 2021. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2022;71:59–65.
O CDC emitiu um relatório recente, descrevendo um risco aumentado de diabetes na população pediátrica após COVID 19. Desde o início da pandemia sabe-se da relação entre diabetes e infecção pelo SARS Cov 2, com relatos em adultos demonstrando por um lado maior gravidade da COVID 19 em pessoas com diabetes e, por outro lado, piora do controle glicêmico e novos casos de diabetes nos afetados pela doença.
Alguns estudos pediátricos, principalmente europeus, já vem demonstrando aumento de incidência de diabetes durante a pandemia, com maior frequência de cetoacidose diabética ao diagnóstico, além de quadros mais graves, no entanto sem poder estabelecer causalidade ou relação direta com a infeção pelo SARS Cov 2.
Este relatório acrescenta ao conhecimento a associação de risco aumentado de diabetes em até um mês após o diagnóstico de COVID em pacientes de até 18 anos, com dados provenientes de duas bases de dados grandes, perfazendo mais de 500000 pacientes. Casos novos de diabetes eram 166% e 31% mais prováveis de acontecer após infecção por COVID, quando comparados com a população sem infecção respectivamente nas bases IQVIA e HealthVerity.
O estudo tem algumas limitações, por se tratar de uma coorte retrospectiva, sem distinção do tipo de diabetes diagnosticado e, portanto, incapaz de estabelecer os mecanismos fisiopatológicos envolvidos. No entanto, demonstra a importância da associação e chama atenção para os riscos a médio longo prazo de COVID 19 na população pediátrica, reforçando a necessidade de estratégias de prevenção, principalmente com vacinação dos grupos elegíveis.
Dra. Renata Szundy Berardo