Autor:Elisabeth Frossard
A transfusão de sangue é um procedimento que requer cuidados desde do seu início até o seu final, devido às reações que podem advir desse processo. A sua indicação deve ser bem avaliada por profissional especializado- o hemoterapeuta.
Os conhecimentos adquiridos com os avanços da Medicina Transfusional mostram a importância da transfusão de sangue como tratamento de suporte nas doenças graves como as anemias hereditárias, anemias hemolíticas auto-imunes, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA – AIDS), Doença Hemolítica do Recém-Nascido, nas onco-hematológicas e outras. No entanto, os riscos de transmissão de doenças por transfusão de sangue permanecem mesmo que tenhamos as sorologias obrigatórias negativas, designadas pela Vigilância do Sangue – ANVISA, para Sífilis, Doença de Chagas, Hepatites B e C, SIDA-AIDS e Linfoma / Leucemia de células T humanas. Outras doenças, potencialmente capazes de provocar complicações, podem ser transmitidas por transfusão de sangue como a Citomegalovirose nos prematuros e a doença dos “prions” chamada de Creutfeldtz Jacob.
O progresso tecnológico constante permitiu a industrialização de vários produtos sangüíneos, aumentando a qualidade e minimizando o risco de adquirir doenças por transfusão, como o Fator VIII liofilizado, utilizado no tratamento da Hemofilia A, Concentrado de Fator de Von Willebrand, Albumina e outros. Mas para o tratamento de anemias, a transfusão de concentrado de hemácias é o componente indicado quando a perfusão tecidual de oxigênio está baixa. Em ambas as situações, ainda dependemos da doação de sangue que deve envolver todos os setores da sociedade, participando de campanhas educativas e encaminhando doadores para doar sangue. Segundo o Ministério da Saúde, apenas 1,7% da população brasileira doa sangue e este número deve ser elevado para 3% a 4% para que não falte sangue nos hospitais.
Dentro desta ótica, a Hemoterapia Pediátrica tem tido cada vez mais importância pois a criança doente tem chances de recuperação e uma longa vida pela frente que pode ceifada caso haja uma transmissão de vírus pela transfusão de sangue. Por isto, a tecnologia cada vez mais avançada nesta área, mais uma vez apresenta aparelhos capazes de separar componentes sangüíneos de um mesmo doador de sangue em alíquotas pequenas, por sistema fechado e permitir que seu pequeno paciente seja exposto ao menor número possível de componentes sangüíneos de doadores diferentes. É preciso pensar que, a responsabilidade médica sobre uma transfusão sangüínea feita na criança vai além dos muros do hospital e que, a tecnologia deve ser implementada em todos os Serviços de Medicina Transfusional aumentando assim a segurança de uma transfusão de sangue.
A conotação de que sangue é vida sem dúvida é real, mas sempre é bom lembrar que, embora o sangue seja o transplante líquido mais bem tolerado, sua rejeição pode acarretar uma reação hemolítica grave. Desta forma, sempre que formos indicar uma transfusão de sangue para o paciente temos que ter a certeza de que os benefícios serão sempre maiores que os riscos.
Elisabeth Frossard
Chefe do Serviço de Medicina Transfusional
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Bibliografia:
1-RESOLUÇÃO – RDC Nº 153, DE 14 DE JUNHO DE 2004.
2- ANVISA – www. anvisa.gov.br
Fonte:Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira – Universidade Federal do Rio de Janeiro