Os adolescentes entraram, recentemente, no calendário de vacinação contra a Covid-19 no Brasil. No Rio de Janeiro, a imunização teve início no dia 23 de agosto, com prioridade aos jovens de 12 a 17 anos com comorbidades. Mas logo foi aberto para quem não tem comorbidades, seguindo o mesmo processo da aplicação nos adultos, em ordem decrescente de idade.
O cronograma inicial era vacinar com a primeira dose todos desta faixa etária até o dia 14 de setembro. No entanto, no dia 1º, a prefeitura suspendeu o calendário previsto para a aplicação da primeira dose, informando que só havia recebido do Ministério da Saúde vacinas destinadas à segunda dose.
Lembrando que a Pfizer é a única vacina licenciada para a aplicação em adolescentes. Não há estudos com outras vacinas para essa faixa etária. Por isso, é importante os pais ficarem atentos a isso na hora da vacinação.
A Covid-19 na Pediatria
A SARS-Cov-2 continua sendo uma doença de baixo risco para crianças e adolescentes saudáveis, informou a Dra. Isabella Ballalai, presidente do Grupo de Trabalho de Imunizações da SOPERJ. Ela destacou que vaciná-los é importante para reduzir ainda mais a chance de eles terem a forma mais grave da doença e, principalmente, diminuir a circulação do vírus.
Apesar disso, a pediatra pediu um olhar especial para aqueles adolescentes que têm alguma condição de saúde. Segunda a médica, eles estão entre os grupos que mais internam por causa da Covid-19 e tem desfecho negativo.
“O que nós vemos é que a faixa etária entre 10 e 19 anos é a que apresenta o maior número de comorbidades no Estado do Rio de Janeiro. Obesidade e doença neurológica crônica são as mais frequentes entre os adolescentes. Já em crianças menores de um ano, são as doenças cardiovasculares.”
As vacinas
De acordo com a especialista, as famílias precisam entender que as vacinas são seguras. Ela explicou que em alguns países, que já estão avançados com relação à vacinação neste grupo (EUA e Israel, por exemplo), ocorreram alguns casos de miocardite. No entanto, a pediatra destacou que a incidência é considerada baixa e acontece mais em jovens adultos do que em crianças e adolescentes.
“Todos os casos relatados tiveram uma evolução boa e foram curados. Não é uma miocardite que o adolescente vai carregar para o resto da vida, com sequelas ou algo do tipo. Apenas um paciente teve desfecho negativo, em Israel, mas ele tinha uma outra doença de base que acabou por complicar a miocardite”, disse a médica, que destacou que o benefício de vacinar o adolescente supera o risco da miocardite.
A pediatra enfatizou que o caminho não é discutir e obrigar a imunização, mas sim compartilhar informações corretas e educar a população sobre a importância da vacinação contra a Covid-19, tanto em crianças quanto em adolescentes, principalmente porque eles transmitem da mesma forma que o adulto.
“Qualquer vacina é obrigatória. O aluno não pode frequentar a escola, por exemplo, sem estar com o calendário vacinal em dia. Todas as vacinas que estão na rede pública são obrigatórias”, esclareceu.
Alguns dados da Covid-19 – Crianças e Adolescentes – Estado do RJ (23 de agosto de 2021 – Fonte: Secretaria de Saúde do RJ)
- A maior parte das internações entre crianças e adolescentes foram causadas por outros agentes etiológicos;
- A curva de óbitos entre as crianças e adolescentes segue o mesmo padrão da população em geral com pico em abril;
- faixa etária de 10 a 19 anos evolui para óbito com maior frequência e que possui o maior número de comorbidades, com obesidade e doenças neurológicas sendo as mais comuns.