16. HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO COM DOR E DEFORMIDADE EM MEMBROS INFERIORES

Autor:Ferreira RS, Carneiro BL; Lima F; Magalhães Jr L; Fonseca A; Campos L; Bordallo MA; Sztajnbok F

Instituições: NESA-UFRJ e UNIGRANRIO.
Introdução: O hiperparatireoidismo caracteriza-se pela produção excessiva de paratormônio, sendo uma causa comum de hipercalcemia e geralmente está associado a adenomas. Tem prevalência de 1 % na população, sendo o pico de incidência entre a 3a e 5a década de vida. É uma causa rara de consulta com o reumatologista por conta de dor em membros. Objetivo: Relatar um caso de hiperparatireoidismo em adolescente que procurou o serviço de reumatologia pediátrica. Método: Apresentação de caso clínico. Resultados: 18 anos, masculino, negro, estudante, natural do Rio de Janeiro. Há 3 anos começou a apresentar alteração da articulação do joelho, levando à apresentação de genu valgo bilateralmente concomitante ao aparecimento de nodulação em parte esternal da clavícula direita de consistência endurecida e indolor à palpação, não móvel. Associado a este quadro, percebeu aumento do perímetro cefálico. Há 1 ano começou a apresentar dor em ambos joelhos, principalmente a deambulação. Vem observando deformidades progressivas nas pernas, aumento da calota craniana e dores nas seguintes articulações: coxofemorais, joelhos, tornozelos e punhos. Além disso refere nictúria e polidipsia. Nega febre, cefaléia, fome, vômitos ou náuseas. Relata emagrecimento. O exame físico apresentava-se normal exceto por uma macrocefalia, aumento e assimetria da mandíbula, dentes em mau estado de conservação, genu valgo bilateral. Na primeira consulta foram pedidos hemograma, PAI e R-X. Os dois primeiros estavam normais mas os exames radiográficos mostraram áreas líricas e de desmineralização. A investigação a seguir mostrou cálcio 13,7 (VR: 8,4 10,2); FA: 3449 (VR: até 110); PTH: 1524 pg/ml (VR: 12 72 ); VMA: 33,1 mg/24h (VR: até 8). A cintiagrafia com sestamibi mostrou imagens sugestivas de adenoma em paratireóide inferior direita, confirmado na biópsia. Conclusão: Sabe-se que cerca de 50 % dos atendimentos nos serviços de reumatologia pediátrica são de doenças não reumáticas ou distúrbios funcionais. Os distúrbios endocrinológicos podem apresentar manifestações músculo-esqueléticas, mas isto não é comum. Procuramos relatar um caso raro de hiperparatireoidismo, secundário a um adenoma de paratireóide, em um adolescente cuja queixa principal era de cunho reumatológico.

Fonte:Revista de Pediatria SOPERJ – Ano 4 – nº 1 – Janeiro a Junho de 2003