CONSOPERJ 2023: Hábitos alimentares e fake news

Manter um plano alimentar saudável é essencial para qualquer pessoa e, principalmente, para o desenvolvimento da criança. Mas é preciso ficar atento às notícias e informações falsas sobre alimentação que circulam na mídia e na internet. Foi o que alertou o Dr. Walter Taam Filho, nutrólogo pediátrico, durante o XV Congresso de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (CONSOPERJ 2023).

O médico apresentou a Conferência “Novos hábitos alimentares e fake news em nutrição” e chamou a atenção para várias questões, como as pseudociências, os termos científicos utilizados por pessoas que não têm formação em nutrição e as soluções vendidas pela internet sem a menor comprovação científica.

“Muitos gurus e coaches da internet usam termos científicos e demonizam algum alimento (chamado terrorismo nutricional). Além disso, eles selecionam artigos específicos para corroborar suas argumentações e atacam as indústrias afirmando que elas não querem que a população tenha conhecimento sobre determinada informação”, disse o médico que chama a atenção para termos como chá quântico, detox e epigenética.

As fake news sobre alimentação

Dentre as informações falsas sobre determinados alimentos, o especialista destacou as referentes ao leite e ao frango.

Segundo ele, o leite não é inflamatório como alguns “profissionais” informam. “Há muitas evidências científicas de que o consumo de leite ou laticínios não tem efeitos inflamatórios em pessoas saudáveis ou indivíduos que apresentam sobrepeso/obesidade ou outras alterações metabólicas.”

Já com relação às notícias relacionadas ao frango, Dr. Walter destacou que não há a menor probabilidade do uso de hormônios nesse alimento e muito menos que esteja relacionado aos casos de puberdade precoce (meninas) e ginecomastia (meninos).

“Nenhum frango nacional recebe adição de hormônios, já que isso é proibido no Brasil. O país é um dos maiores exportadores de frango, inclusive para os EUA, onde há um rigor muito grande no controle de resíduos de hormônios nos alimentos.”

O mito sobre alimentos esquentados no microondas também foi comentado pelo médico. Ele alertou, principalmente, sobre esquentar a mamadeira do bebê no eletrodoméstico. “Aquecer a mamadeira no microondas pode criar pontos mais quentes de forma desigual. A Academia Americana de Pediatria alerta que o aquecimento irregular pode queimar a boca da criança e o leite materno esquentado no microondas pode destruir componentes imunológicos valiosos.”

Outro ponto destacado pelo médico é sobre modulação epigenética, um termo que tem sido difundido como possibilidade de prevenir doenças genéticas futuras. Ou seja, que determinada dieta possa “limpar o organismo” e evitar que os pais passem os problemas genéticos para os filhos.

Ele explicou que epigenética é uma forma de regular as expressões dos genes. Segundo o médico, “ligar e desligar o funcionamento de determinados genes”. No entanto, nesse processo não há alteração desse gene. Por isso, Dr. Walter é categórico: “Não existe dieta que zere possíveis doenças genéticas.”