Covid-19 e o Diabetes

Orientações sobre Coronavírus para Crianças e Adolescentes com Diabetes Mellitus

A infecção pelo coronavírus 2, cuja doença (Severe acute respiratory syndrome, coronavirus 2) conhecida como Covid-19, se espalhou por todo mundo em uma pandemia com resultados devastadores em diversos países. Ela vem suscitando dúvidas em relação ao seu manejo, fatores de risco e populações afetadas.

Essa publicação visa orientar pacientes, suas famílias e profissionais em relação ao manejo de diabetes em dias de doença e, mais especificamente, nas situações relacionadas ao coronavírus.

Inicialmente portadores de Diabetes Mellitus foram descritos como grupo de risco para formas graves de Covid-19. No entanto, evidências recentes não sugerem que crianças e adolescentes com diabetes apresentem risco aumentado de infecção por Covid-19 ou que evoluam de forma grave, conforme posicionamento do ISPAD de 25/03/2020.

Por outro lado, o mal controle glicêmico ou o manejo inadequado da insulinização em dias de doença pode contribuir para descompensações com necessidade de atendimentos de emergência ou cetacidose diabética, com risco de morte.

A transmissão do coronavírus se dá por contato próximo de pessoa para pessoa e se espalha com uma taxa alta de transmissibilidade. A transmissão costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:

  • Gotículas de saliva;
  • Espirro;
  • Tosse;
  • Catarro;
  • Contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
  • Contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Os sintomas de Covid-19 são semelhantes aos de uma gripe. Pode também causar pneumonia e os principais indícios de gravidade são:

  • Febre;
  • Tosse;
  • Dificuldade para respirar.

O diagnóstico é feito com a coleta de material da via respiratória. Não existe tratamento específico para infecções causadas por coronavírus humano, sendo recomendações importantes o repouso e o consumo de bastante água. Medicação sintomática, sob prescrição médica, pode ser utilizada.

Como prevenir?

  • Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas ou que apresentem sintomas da doença;
  • Realizar lavagem frequente das mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool (70%);
  • Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
  • Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir, usando o cotovelo;
  • Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
  • Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
  • Manter os ambientes bem ventilados;
  • Limpar e higienizar objetos e superfícies tocados com frequência;
  • Manter controle glicêmico adequado,
  • Tomar medicamentos e insulinas regularmente;
  • Manter-se sempre hidratado;
  • Manter sono com qualidade, assim como a alimentação;
  • Evitar aglomerações e viagens para locais com casos registrados de doentes.
COMO PROCEDER CASO APRESENTE SINTOMAS DE GRIPE?

Seguir ORIENTAÇÕES PARA DIAS DE DOENÇA:

  • Mantenha a calma, não é necessário procurar serviço de emergência imediatamente.
  • O tratamento é direcionado aos sintomas.
  • Pode ser usado paracetamol ou dipirona para tratar febre e dor.
  • Não deixe de aplicar sua insulina, mesmo se estiver comendo pouco. Sempre mantenha a insulina basal.
  • Procure manter a ingestão de alimentos a cada 3 horas, caso não consiga comer, beba líquidos (sucos, chás, etc)
    • Glicemia menor que 200mg/dl- líquidos com açúcar
    • Glicemia maior que 200mg/dL – líquidos sem açúcar
  • Faça a medição de glicose a cada 3 horas e aplique a insulina rápida (Regular, Novorapid®, Humalog® ou Apidra®, conforme o esquema proposto).
  • Durante infecções a glicemia pode subir, precisando de ajuste de doses de insulina.
  • Caso a glicemia se mantenha elevada (>250mg/dL), aumente a dose de insulina rápida em 1 a 2 unidades a cada aplicação.
  • Caso não consiga controlar a glicose, entre em contato com seu médico.
  • Se disponível, realize a medida de cetonas e caso estejam elevadas entre em contato imediatamente com seu médico ou procure serviço de emergência.
  • Se apresentar vômitos, sinais de desidratação ou falta de ar, procure a emergência mais próxima.

O risco de complicações na pessoa com diabetes bem controlado é menor, tanto para o diabetes tipo 1 quanto para o tipo 2.

Quando procurar a emergência?
  • Só deve procurar a emergência em caso de dificuldade respiratória (falta de ar) ou febre alta mantida.
  • Caso a glicemia mantenha-se elevada, mesmo após ajuste de doses.
  • Em caso de cetonas elevadas ou cetoacidose.
  • Em caso de vômitos, ou caso não consiga ingerir líquidos ou carboidratos para manter a glicemia.
  • Em caso de hipoglicemia grave, com perda de consciência ou convulsão.

Referências Bibliográficas

  • ISPAD – II Summary of recommendations regarding COVID-19 in children with diabetes: Keep Calm and Mind your Diabetes Care and Public Health Advice*
  • Nota de Alerta Sociedade Brasileira de Pediatria 07 de abril de 202 – Diabetes mellitus e COVID 19 em Pediatria
  • Sociedade Brasileira de Diabetes