Parentalidade tem sido um tema frequentemente discutido pelos especialistas. Por isso, a SOPERJ tem reforçado as questões sobre o assunto com o evento “Criação de filhos” e promoveu, recentemente, mais um debate abordando os desafios da parentalidade que chegam ao pediatra. A atividade foi realizada pelo Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial.
Para a entidade, é preciso, cada vez mais, voltar os olhos, corações e mentes para pensar na saúde da criança e do adolescente como um todo – física, mental e da família. E, falar em criação de filhos, está intimamente ligado a essa questão.
É importante lembrar que muitos pais buscam apoio e suporte para as dúvidas gerais dos filhos, não só de saúde, com o pediatra. Para a Dra. Laura Ohana e a Dra. Cecília Miranda, pediatras da SOPERJ, é fundamental que os médicos estejam aptos a orientar esses pais nessas questões.
As especialistas destacaram durante o debate tópicos como: tema do apego; palmadas e castigos; agressões parentais x relacionamentos abusivos; legislações de proteção às crianças e adolescentes; criação respeitosa; e os desafios de comportamento dos adolescentes.
Criação Respeitosa e Acolhimento
A Dra. Laura esclareceu que o assunto pode parecer que não compete ao profissional de saúde, mas ela afirma que os pais recorrem muitas vezes ao pediatra. Ela destaca que o exercício da parentalidade e a compreensão do desenvolvimento infantil caminham juntos.
“O pediatra aprende e estuda sobre o desenvolvimento motor, cognitivo etc. O controle das emoções e os comportamentos esperados para cada fase são um pouco mais complexos, já que cada criança é única e deve ser observada de forma individual, de acordo com as suas experiências e relações.”
O que a médica afirma é que é muito importante que os pais compreendam que é preciso ter em mente que as crianças são naturalmente agitadas. Ela ainda reforça que, às vezes, uma situação que para o adulto pode ser uma bobagem, uma birra infantil, para a criança é algo maior. Por isso, é essencial que os pais procurem entender que é um comportamento normal da infância e o acolhimento é importante.
“Entender a necessidade da criança, que ela não tem maturidade neurológica para atender o comportamento esperado é fundamental e faz parte da criação respeitosa. O tempo do adulto não é o tempo da criança. Há pesquisas que falam sobre essa estratégia e mostram que ela fortalece ainda mais os laços familiares e, consequentemente, melhoram o comportamento.
Os desafios na adolescência
Quando se trata de adolescentes, os desafios são ainda maiores. De acordo com a Dra. Cecília, o comportamento passa por várias questões: luto pelo corpo infantil e pela identidade infantil; aumento da intensidade emocional, a busca por novidades, a exploração, experimentação e criatividade.
“O adolescente sai do véu protetor da infância, que protege com a fantasia e a imaginação, para o mundo real. Por isso, surgem muitos questionamentos, reclamações e medos.”
A médica dá dicas para que os pais consigam dialogar e ajudar os filhos nessa fase de transição da vida. Segundo ela, é preciso que os pais se lembrem da fase deles de adolescência, alinhem as expectativas, não levem para o pessoal os limites que os filhos colocam e confiem neles. “É essencial que esses pais tenham um olhar respeitoso e consciente, sem julgamentos. É uma fase de conhecimento para ambas as partes.”
Lei de Parentalidade
Há uma série de leis que protegem as crianças e adolescentes e buscam conscientizar a população sobre os direitos e deveres da faixa pediátrica. Uma das mais recentes é a Lei da Parentalidade – 14.826/2024.
A lei institui a parentalidade positiva (criação respeitosa, baseada no respeito, no acolhimento e na não violência) e o direito ao brincar como estratégias de prevenção de violências contra a criança.
A SOPERJ reforça que é fundamental que os pediatras e todos os profissionais envolvidos com a saúde de crianças e adolescentes promovam a parentalidade positiva.
O pediatra é referência para muitas famílias e ele pode, e deve, ajudar as crianças a serem adultos mais seguros e sem reflexos de violências que sofreram na infância.