Será que criança pode ser vegetariana ou vegana? Esse tipo de dieta traz algum risco para o desenvolvimento infantil? Como deve ser o atendimento e orientação do pediatra nesses casos? Essas foram algumas das questões que a Dra. Laura Ohana, endocrinopediatra do Departamento de Nutrologia da SOPERJ, esclareceu na live realizada no Instagram da Sociedade, no mês de setembro.
Para compreender melhor a questão é preciso entender a diferença entre a pessoa vegana e a vegetariana.
Vegetarianismo x Veganismo
O vegetarianismo é um padrão alimentar. Por definição, quem adota esse tipo de dieta não consome nenhuma carne (porco, boi, ave, peixe).
Têm aquelas pessoas que não consomem carne, mas consomem ovo e/ou leito, e tem as que não consomem nada de origem animal. Essas são chamadas de vegetarianos estritos, que se alimentam estritamente de vegetais.
Já o veganismo não é um padrão alimentar. Na verdade, é um estilo de vida. Essas pessoas, normalmente, são vegetarianos estritos. Elas procuram excluir da alimentação e da vida delas, na medida do possível, todas as formas de crueldade e exploração animal.
O Papel do Pediatra
Segundo a Dra. Laura, é muito importante que o médico saiba acolher essa família, não veja a escolha como “moda”, busque conhecimento sobre o assunto ou saiba para qual profissional encaminhar, caso não se considere apto a orientar a família vegetariana/vegana (nutricionistas, nutrólogos).
“É muito comum alguns pais deixarem de fazer o acompanhamento mensal com o pediatra por não sentir esse acolhimento. Com isso, a saúde da criança fica comprometida.”
A médica esclareceu que atualmente há diversos artigos que trazem evidências científicas de que esse tipo de dieta não traz prejuízos à saúde e desenvolvimento da criança. “A Academia de Nutrição Dietética tem um parecer sobre dietas vegetarianas que foi um dos primeiros a dar embasamento científico a questão. As dietas vegetarianas, adequadamente planejadas, são saudáveis e podem promover benefícios à saúde na prevenção e tratamento de certas doenças crônicas e podem ser adotadas em todas as fases da vida, incluindo infância, mulheres que amamentam, lactentes, gestantes, adolescentes etc.”
Principais Recomendações Para os Pediatras
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Acolher as famílias;
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Desconstruir alguns mitos de que faltariam nutrientes necessários na dieta da criança. Um prato vegetariano pode, e deve, ter arroz, feijão, legumes e verduras;
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Ter atenção na transição do aleitamento materno para o veganismo. Buscar outras fontes de cálcio;
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A proteína é essencial para o desenvolvimento da criança. Por isso, é importante procurar alimentos que tenham proteínas, não necessariamente a carne: feijões de todos os tipos, ervilhas, lentilhas, grão de pico, soja são algumas das opções.
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Suplementação de vitamina B12: é o único nutriente que não tem no vegetal. Por isso, é necessário suplementar B12 nestas crianças, principalmente quando ela está na introdução alimentar.
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Ficar atento também às calorias consumidas é importante para que essas crianças possam crescer e desenvolver. Por isso, arroz e feijão não podem sair da alimentação.
O pediatra tem papel fundamental no desenvolvimento de crianças e adolescentes e precisa estar presente na vida de todas elas, e na das vegetarianas/veganas não é diferente.
A live completa sobre o tema pode ser conferida no IGTV no Instagram da SOPERJ.