Deficiência Visual na Infância

No dia 13 de dezembro é lembrado o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual. Essa data tem como finalidade principal diminuir o preconceito e a discriminação com essa situação, discutindo a garantia de direitos e a inclusão. A terapeuta ocupacional e membro consultor do Grupo de Trabalho de Oftalmologia da SOPERJ, Karla Mitoso, elaborou um artigo sobre o assunto.

O que é a deficiência visual?

A deficiência visual pode ser definida como a perda total ou apenas parcial da visão, podendo ser congênita ou adquirida. A deficiência visual nos primeiros anos de vida e na idade escolar acarreta prejuízos no desenvolvimento global da criança por privá-la das informações e estímulos do ambiente que a cerca. Ações interdisciplinares para habilitação e reabilitação da população infantil com deficiência visual são fundamentais para o atendimento das necessidades individuais de cada criança, ou seja, de acordo com seu quadro funcional.

Classificação de deficiência visual

Quando falamos em cegueira, referimo-nos a uma pessoa que não possui capacidade de enxergar ou possui esse sentido bastante limitado, com percepção mínima de luz. As pessoas cegas não conseguem visualizar nenhum objeto, sendo necessário o uso de outros sentidos. A leitura e a escrita são feitas através do sistema braile que permite a identificação de códigos pelo tato.

As pessoas com baixa visão conseguem enxergar com adaptações, quais sejam: recursos ópticos (lentes, telelupas, telescópio para ampliar as imagens) e não ópticos (controle da iluminação, contrastes, ampliação, guia de leitura, lápis 6B, bonés para diminuir luz excessiva etc.). Os pacientes de baixa visão podem apresentar dificuldades para verificar objetos distantes, campo visual restrito, dificuldades em distinção de cores, sensibilidade exagerada à luz. Percebe-se, portanto, que existem diferentes condições visuais, e cada caso deve ser tratado de maneira individualizada.

Durante muito tempo as pessoas com baixa visão foram erroneamente diagnosticadas como cegas. O reconhecimento da baixa visão como comprometimento distinto da cegueira traz uma nova forma de compreender a deficiência e o seu portador, abrindo caminhos para novas medidas reabilitacionais.

O período entre o nascimento e os primeiros anos de vida se caracteriza como determinante no desenvolvimento da criança, pois corresponde ao momento que o organismo está pronto para receber e utilizar os estímulos ambientais, reunindo condições satisfatórias para a aquisição e o desenvolvimento das diferentes funções. Dessa forma a criança com baixa visão necessita da estimulação visual desde os primeiros anos de vida. Esta estimulação consiste em desenvolver e utilizar o resíduo visual, uma vez que, quanto maior for o seu uso, mais funcional será seu resultado. O processo terapêutico acontece através do “Brincar”. A brincadeira é a vida da criança, brincando ela desenvolve os sentidos, adquire habilidades para usar o corpo, reconhece objetos pela sua textura, forma, tamanho, cheiro e som. Brincando a criança entra em contato com o ambiente, relaciona-se com o outro e estabelece trocas. É importante adaptar brinquedos, utilizando materiais que facilitem a aquisição de determinados conceitos e habilidades visando à funcionalidade no seu cotidiano.

Fontes:

  • Figueiredo MO, Silva RBPe, Nobre MIR. Mães de crianças com baixa visão: compreensão sobre o processo de estimulação visual. Rev. Psicopedagogia 2011; 28(86):156-66.
  • Santos VS. 13 de dezembro – Dia do cego. Brasil Escola. 2021. Disponivel em: https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-do-cego.htm; acesso em: 13/12/2022.
  • Haddad MAO, Siaulys MOC Sampaio MW. Baixa visão na infância – Guia prático de atenção oftalmológica. Editora Laramara; 2011.

Karla Mitoso

Terapeuta Ocupacional e Membro Consultor do Grupo de Trabalho de Oftalmologia da SOPERJ