O aumento global da obesidade tem sido muito discutido entre a comunidade médica e a sociedade, nos últimos anos. Para os especialistas, falar sobre o assunto é essencial para criar ações e tentar conter o avanço da doença. Por isso, no Dia Mundial da Obesidade – 4 de março, o foco é estimular o debate com o slogan “Vamos falar sobre a obesidade”.
A ideia da campanha, que no Brasil é organizada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), é dar voz às pessoas com obesidade e debater as perspectivas de mudanças relacionadas à questão.
A SOPERJ, através do Departamento Científico de Endocrinologia Pediátrica, presidido pela Dra. Latife Salomão Tyszler, reforça a importância de falar sobre o tema. “É preciso conscientizar a sociedade sobre a prevenção e os riscos que o excesso de peso pode trazer não só para a saúde física, mas também mental e emocional da criança e do adolescente.”
Aumento da Taxa da Obesidade Infantil
A obesidade é uma condição crônica que resulta de uma série de fatores genéticos e comportamentais, que afeta cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo. A estimativa é que em 2035 esse número chegue a 1,9 bilhões de pessoas com obesidade.
No Brasil, atualmente, uma em cada dez crianças brasileiras até 5 anos estão com o peso acima do ideal. Mais de 6 milhões de crianças têm excesso de peso e mais de 3 milhões já estão obesas, segundo o Ministério da Saúde. A última pesquisa mostrou que de 2008 a 2021 houve um aumento de 70% na taxa de obesidade infantil no Brasil, que se agravou com a pandemia.
Os Alimentos Ultraprocessados e a Nova Rotulagem Nutricional
De acordo com os especialistas, os maiores responsáveis pelo crescimento da obesidade entre crianças e adolescentes são os alimentos ultraprocessados, aliado ao sedentarismo e ao aumento do tempo de tela desses jovens.
Em outubro de 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alterou as regras para rotulagem de alimentos e bebidas industrializadas no país. Com isso, houve mudanças na tabela de informação, além de ser obrigatório as embalagens apresentarem um selo com lupa informando altos teores de açúcar, sódio e gordura.
Prevenção
A mudança na rotulagem nutricional dos alimentos é um dos pontos importantes na prevenção da obesidade e das complicações de saúde que ela pode trazer para as crianças e adolescentes, como: alterações endócrinas relacionadas à antecipação da puberdade prejudicando o crescimento; alterações metabólicas como diabetes tipo 2 e resistência insulínica; hipertensão; síndrome metabólica; síndrome dos ovários policísticos; alterações ortopédicas e comorbidades psicossociais.
A Dra. Latife destaca ainda que outras ações devem ser estimuladas pelo pediatra para combater o problema que não é só de saúde, mas também social. As orientações passam por uma reeducação alimentar não só da criança, mas de toda a família, além da defesa pelos direitos ao acesso aos alimentos saudáveis e o incentivo à atividade física.
A SOPERJ ressalta que é preciso unir esforços de toda a sociedade para compreender as raízes do problema. Conversar sobre ela, debater, compartilhar experiências e informações são fundamentais no combate à obesidade.
