Dia Mundial do Lúpus – 10 de Maio

Para marcar o Dia Mundial do Lúpus – 10 de maio, o Departamento Científico de Reumatologia Pediátrica da SOPERJ elaborou um artigo com esclarecimentos sobre a doença que também pode afetar crianças e adolescentes.

Crianças e adolescentes também podem ter lúpus

O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença crônica causada por uma alteração no sistema imune, ou seja, nos mecanismos de defesa do nosso corpo, o qual passa a reagir erradamente contra o próprio organismo (autoimunidade). Esta alteração leva a um processo inflamatório de intensidade variável e podem ocorrer manifestações em qualquer órgão do corpo.

Apesar de o lúpus ser mais comum nas mulheres entre 20 e 45 anos de idade, também pode ocorrer em crianças e adolescentes, representando cerca de 20% dos casos. Quando surge na infância, o quadro clínico costuma ser de maior gravidade, sendo de extrema importância o diagnóstico e tratamento precoces para prevenção de danos futuros.

O lúpus pode causar uma variedade de sintomas. Alguns são inespecíficos como febre, perda de peso, aumento dos gânglios (ínguas), fraqueza e desânimo. Outros são mais específicos como:

  • artrite (dor e inchaço nas juntas);
  • exantema malar (mancha avermelhada nas maçãs do rosto e nariz que lembram o formato das asas de uma borboleta);
  • fotossensibilidade (vermelhidão intensa, manchas e bolhas na pele devido à luz do sol ou claridade);
  • pleurite ou pericardite (inflamação das membranas que cobrem os pulmões e o coração);
  • nefrite (inflamação nos rins, variando desde alterações nos exames de urina, até urina com sangue e espuma, pressão alta, inchaço e redução do funcionamento dos rins;
  • redução dos glóbulos brancos, vermelhos e das plaquetas do sangue;
  • inflamação do cérebro (convulsões, psicose, alterações de humor e comportamento, depressão, dentre outras);
  • a queda de cabelos também é muito frequente, mas geralmente eles voltam a crescer com o tratamento.

O pediatra pode suspeitar de lúpus na presença dos sintomas anteriormente citados, mas a confirmação do diagnóstico e o acompanhamento do paciente devem ser realizados em conjunto com o Reumatologista Pediátrico, dentre outros especialistas e equipe multiprofissional.

Embora não exista um exame que seja exclusivo do lúpus, a positividade do exame chamado FAN (fator antinuclear ou anticorpo antinúcleo) no sangue, se associada a alguns destes sintomas descritos, pode reforçar a suspeita de se tratar de um caso de lúpus.

O tratamento do lúpus depende do(s) tipo(s) de sintoma(s) que a criança ou o adolescente tenha e será, portanto, diferente para cada paciente. Desta forma, podem ser necessários vários medicamentos nas fases de sintomas e poucos ou nenhum medicamento quando os sintomas estiverem controlados ou ausentes.

O tratamento inclui remédios para regular o descontrole do sistema de defesa, como os corticoides (prednisona, prednisolona), os antimaláricos (hidroxicloroquina) e os imunossupressores, em especial a azatioprina, ciclofosfamida e micofenolato de mofetila.

No lúpus, a luz do sol e a claridade podem provocar manchas na pele, bem como causar ou agravar inflamação dos órgãos internos. Sendo assim, também é essencial a aplicação de protetor solar (fator de proteção solar – FPS – mínimo de 50), uso de roupas com mangas, chapéus de aba larga e óculos escuros e evitar atividades em horários de pico de sol. As áreas de sombra não são seguras, devido à reflexão de raios ultravioleta (UV) a partir de água, areia, concreto e neve. O protetor solar também precisa ser usado mesmo se não tiver sol e em lugares fechados.

Além dos medicamentos e do protetor solar, é de fundamental importância ter uma dieta equilibrada, a prática de atividade física e ter as vacinas em dia.

Adriana Rodrigues Fonseca e Rozana Gasparello de Almeida

Departamento Científico de Reumatologia Pediátrica da SOPERJ

Serviços de Reumatologista Pediátrica e Emergência Pediátrica do IPPMG / UFRJ