Pais e filhos estão se adaptando às novas rotinas impostas pela pandemia de coronavírus, com os esforços para diminuir sua disseminação. Vejam as orientações do Departamento de Saúde Escolar da SOPERJ.
O objetivo desse documento é conjugar olhares da Educação e da Saúde.
Orientações às famílias
Com escolas fechadas em todo o país, em meio a esforços para diminuir a disseminação do coronavírus, pais e filhos estão se adaptando às novas rotinas e fazendo o possível para se adaptar e/ou superar da melhor forma a nova realidade.
Um dos desafios dessa pandemia é o fato de que as pessoas podem transmitir o vírus, mesmo sendo assintomáticas, principalmente as crianças. A respiração regular pode disseminar a Covid-19 no período de incubação, que pode ser superior a uma semana até o início dos sintomas (em geral tosse, febre e falta de ar), o que justifica o afastamento social externo.
Por essa razão, as aulas foram suspensas em quase todas as localidades nacionais e internacionais, como forma de prevenir a disseminação extrema do vírus.
As famílias devem, portanto, seguir com cuidados para permanecerem em segurança e saudáveis durante a pandemia de COVID-19 e garantir estratégias que promovam para as crianças atividades físicas e brincadeiras como forma de garantir saúde mental, além da preservação educacional.
Converse com as crianças sobre o novo vírus e sobre os cuidados que são necessários para nos mantermos longe dele. Explique a necessidade de isolamento neste período, até mesmo dos avós e parentes mais idosos. As ligações por meios eletrônicos podem ter efeitos benéficos numa via dupla, mantendo a família em contato permanente.
Expresse que você e familiares estão fazendo todo o possível para garantir que elas fiquem seguras e saudáveis e principalmente que tudo isso vai passar. Evite assistir a noticiários alarmantes com imagens inapropriadas.
Pais profissionais de saúde merecem maior atenção tendo em vista estresse prolongado e jornadas de trabalho fatigantes, lidando com ansiedade, depressão e resultados não exitosos, além de estarem diante dos efeitos diretos da pandemia como o luto e desorganização familiar.
Os adultos podem informar às crianças que elas também podem ajudar nessa caminhada, lembrando-as das novas boas maneiras ao tossir ou espirrar no cotovelo ou em um lenço de papel e jogá-lo fora de forma segura no lixo. Novas formas de cumprimento social podem ser testadas de forma lúdica, como o toque de cotovelos ou calcanhares. O diálogo com os filhos deve ser constante e aberto, para que possa transmitir segurança.
Outra questão importante diz respeito à lavagem das mãos. É preciso ensinar e insistir que lavem as mãos com sabão adequadamente por 20 segundos. Isso pode e deve ser feito de uma maneira lúdica, especialmente para crianças pequenas, por exemplo, criando canções específicas ou cânticos, lembrando que o tempo de lavagem precisa ter a mesma duração da música a ser escolhida, por exemplo: cantar “Parabéns para você” duas vezes.
As entregas de compras devem receber o mesmo cuidado. Se em algum momento saírem de casa, devem usar máscaras. Vale lembrar que máscaras não são indicadas para crianças abaixo de 2 anos e nem devem ficar ao seu alcance.
Crianças e adolescentes precisam de rotinas regulares dentro do possível, durante a semana, tentando se assemelhar ao horário da escola, já que muitos têm aulas remotas, porém sem impor a carga horária integral.
Se eles tiverem trabalhos escolares, determine períodos de tempo para tais trabalhos, com intervalos para descanso e também realização de um lanche saudável.
Vale lembrar ainda que a pandemia, ao alterar de maneira abrupta a rotina escolar e ócio familiar, pode trazer alterações de humor e interesse também da criança e adolescente, bem como do adulto. A criança também capta e percebe preocupações e sentimentos não verbalizados pelos seus familiares. Por isso se faz necessário observar e estar atento e sensível ao comportamento das crianças e adolescentes. E caso seja necessário, altere a rotina ou ocupe até mesmo o tempo da tarefa escolar com uma música, uma conversa, um filme ou outra atividade. Isso ajuda a enfrentar melhor uma nova situação experimentada ou verbalizada pelo filho. Lembre-se que a saúde mental também deve ser cuidada.
Durante o período de aprendizagem remota, mantenha contato com a escola, informando os progressos e, principalmente, as dificuldades encontradas, de forma objetiva, permitindo aos professores fazerem ajustes nos vídeos e materiais enviados, no sentido de corrigir os problemas apontados. Cabe às professoras lerem as anotações das crianças no curso da aula e que podem representar uma crítica saudável ao trabalho em desenvolvimento já que expressam o que estão sentindo e um excelente meio de indiretamente avaliar o andar das aulas.
Entendendo que o todo ambiente é um espaço permanente de formação em que a prática educativa consiste na aquisição e interiorização de valores e comportamentos, nesse momento, a casa de cada criança e de cada adolescente se torna um espaço privilegiado de convivência e aprendizado.
É fundamental que a família e a escola (professores) desenvolvam mecanismos que estimulem a adesão voluntária das crianças e dos adolescentes, sem pressão demasiada. Dessa forma, a participação deles precisa ser prazerosa e não um fardo entediante.
É, via de regra, o aumento de tempo de exposição à tela o que nos obriga a maior atenção na segurança das mensagens, chamadas de vídeo e troca de informações. A maioria dos aplicativos dispõe de regras definidas com quem compartilhar som e/ou imagem, entretanto a supervisão e orientação dos pais torna-se necessária. Como também nos momentos de lazer, dada à maior disponibilidade de tempo, estabelecer horários se faz necessário.
A violência doméstica tem preocupado e deve ser preservado ambiente de paz e harmonia familiar, evitando discussões acaloradas e atitudes de enfrentamento físico.
A atividade física pode ser compartilhada, quando possível, com aulas virtuais, de preferência em grupo ou só com a família. Sugerimos período diário de uma hora para essa prática, que pode incluir também dança e outras variações aeróbicas.
Acidentes domésticos podem ocorrer por atividade excessiva, falta de controle, espaço reduzido e inabilidade; intoxicações exógenas por disponibilidade de medicamentos ao alcance das crianças. Atenção redobrada as áreas externas com piscinas, muros, escadas, janelas e locais anteriormente desconhecidos. Armas devem ser cuidadosamente guardadas.
Momentos de relaxamento devem estar programados além de leitura, cinema, música, pintura entre outros.
Crianças e adolescentes podem usar esse intervalo para mergulhar em interesses para os quais talvez não tivessem tempo anteriormente. Incentive-os a aprender algo novo, interessante, ou cultivar um hobby ou habilidade.
A brincadeira é uma maneira importante de manter um senso de normalidade para seus filhos e de promover o bem-estar emocional. Passe algum tempo brincando com eles.
A alimentação vai demandar cuidados extras no papel da família em influenciar hábitos saudáveis exemplificando isso na rotina familiar. Já se observa aumento da obesidade em decorrência das limitações da pandemia e aumento da ingestão alimentar decorrente de ansiedade, stress e tédio. É um bom momento para interagir com a criança em fazer cardápios saudáveis com sua participação ativa e colaboração como verdadeiro chefinho gourmet.
O sono é fundamental para manutenção do estado imunológico além da alimentação, lazer, atividade física e vacinas em dia que não devem ser postergadas. Não se deve alterar a rotina antes imposta.
O contato com o pediatra/hebiatra é mandatório para dirimir dúvidas e receber informação sobre saúde, prevenção e alternativas de tratamento.
A fonte de informação deve ter selo de garantia: Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria e seu pediatra.
Departamento de Saúde Escolar/ SOPERJ
- Suely Kirzner e Abelardo Bastos Pinto Jr
- Joel Bressa da Cunha
- Márcia de Oliveira Gomes Gil
- Olga Oliveira Passos
- Paulo Cesar Mattos
- Vanessa Beatriz Passos Espíndola
Maio / 2020