Febre Reumática

PROGRAMA PREFERE: TRABALHANDO A INCLUSÃO SOCIAL DO PORTADOR DE FEBRE REUMÁTICA
müller re, Schilke AL, Nascimento FF, Santos MS, Xavier RA.
Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras -Programa PREFERE -Rio de Janeiro
introdução: A Febre Reumática (FR) é uma doença grave, de difícil adesão à profilaxia, e que persiste sendo a mais freqüente cardiopatia adquirida em crianças e adolescentes nos países em desenvolvimento. Em 2005 a OMS estimou em cerca de 300.000 novos casos/ano de FR e 233.000 mortes diretamente atribuíveis à cardiopatia reumática crônica a cada ano no mundo. Conseqüência de uma faringoamigdalite estreptocócica não tratada ou tratada de forma inadequada, tem ocorrência universal, mas sua distribuição é social, pois está diretamente relacionada a precárias condições de moradia. As crianças e adolescentes acometidos pela doença reumática tem sua escolaridade prejudicada em função de constantes internações para tratamento clínico e/ou cirúrgico, que comprometem seu desenvolvimento escolar, reduzindo, em muito, suas possibilidades de acesso ao mercado de trabalho. Esta situação agrava-se ainda mais para pacientes submetidos a implante de próteses valvares, e que necessitam fazer uso diariamente de anticoagulantes orais, o que os torna inelegíveis para uma série de funções no mercado de trabalho. objetivo: Oferecer aos portadores de Febre Reumática, oriundos de famílias carentes, oportunidade de acesso a conhecimentos elementares de informática (Windows e Office), tirandoos da condição de excluídos digitais, permitindo assim seu acesso a uma ferramenta que se configure como diferencial numa futura colocação no mercado de trabalho. metodologiA: Organização de uma escola livre de informática para pacientes portadores de FR na faixa etária de 15 a 20 anos, em tratamento no ambulatório de Adolescentes de nossa instituição, com apoio de uma equipe multidisciplinar. As aulas são realizadas em encontros semanais em laboratório de informática, com 12 alunos por turma, em 5 módulos, com o total de 54 horas-aula. É realizado ainda acompanhamento pedagógico sistematizado do professor de informática, com avaliação dos alunos ao final de cada módulo. Os alunos recebem ajuda para transporte e alimentação, além do material pedagógico para o curso. É realizado ainda o controle da administração da penicilina benzatina para profilaxia secundária da FR através de checagem do Cartão de Orientação e Controle da Profilaxia da FR pelo professor de informática. resultAdos: Até o mês de dezembro 2005 21 alunos participaram das duas primeiras turmas, com 85% de aprovação, e dentro deste universo, 30% já foram inseridos no mercado de trabalho. Em conseqüência deste trabalho inicial, foi realizado convênio com instituição de apoio a pacientes deficientes, que organiza cursos profissionalizantes. Os alunos, que aderiram ao curso oferecido, qualificaram seus currículos, ampliando a sua oportunidade de sucesso na conquista do seu primeiro emprego. No acompanhamento realizado observamos que os alunos do Curso de Informática mantiverem a profilaxia secundária regular no período do curso. ConClusões: Este trabalho se materializa, como importante instrumento de inserção social dos pacientes reumáticos, pois possibilita a aquisição de ferramenta, hoje indispensável, para a empregabilidade destes jovens, além de também auxiliar na adesão ao tratamento devido à estrita aproximação construída entre o paciente e a instituição.

Fonte:Revista de Pediatria SOPERJ – Ano 7 – nº 1 (SUPLEMENTO – VII CONSOPERJ) – Abril de 2006