Hipertensão na Infância e Adolescência

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um problema de saúde pública mundial. No Brasil, mais de 30 milhões de pessoas, principalmente idosos, são hipertensos. Mas o problema não atinge apenas os adultos. Crianças e adolescentes também podem desenvolver pressão alta (PA) e o aumento da prevalência nos casos pediátricos está diretamente associado ao crescimento do sobrepeso e obesidade nessa faixa etária.

Segundo a Dra. Marilena de Menezes Cordeiro, membro do Departamento Científico de Endocrinologia da SOPERJ, o diagnóstico de hipertensão em crianças e adolescentes é mais difícil, sendo feito tardiamente por causa da falta de inclusão da aferição da pressão arterial como rotina nos exames físicos durante as consultas. “Infelizmente, a aferição da pressão arterial na consulta pediátrica não é uma prática rotineira do exame físico, ficando a sua realização atrelada aos casos suspeitos.”

A médica esclareceu também que, segundo a última Diretriz de Avaliação da Hipertensão Arterial Pediátrica (2017), deve-se aferir a pressão arterial em todas as crianças maiores de 3 anos de idade, pelo menos uma vez ao ano. Já em crianças menores de 3 anos, a avaliação está indicada em situações especiais como: prematuros (<32 semanas), recém-nascidos pequenos para a idade gestacional (PIG), com complicações no período neonatal, com cardiopatia congênita, doenças renais, transplantes de órgãos sólidos, neoplasias, evidência de aumento da pressão intracraniana etc.

Outro ponto importante citado pela especialista é com relação aos valores de referências da PA na infância e adolescência. Ela explicou que o padrão considerado normal da sistólica e/ou diastólica, na faixa etária pediátrica, deve ser abaixo do percentil 90. De 90 a 95 é considerado pré-hipertensão e acima de 95 o diagnóstico de pressão alta. No entanto, deve-se levar em consideração sexo, idade e percentil de altura, aferi-la em três ou mais ocasiões diferentes.

Sintomas

Normalmente crianças e adolescentes hipertensos são assintomáticos. A Dra. Marilena destacou que, em alguns casos, eles podem apresentar quadro de cefaleia, irritabilidade e alterações do sono.

Os sinais e sintomas podem também sugerir envolvimento de algum órgão ou sistema específico, por exemplo, rins (hematúria macroscópica, edema e fadiga), coração (dor torácica, dispneia aos esforços e palpitação). “O pediatra deve ficar atento a esses sinais e sintomas assim como em toda criança com sobrepeso, obesidade ou com história familiar positiva para hipertensão arterial.”

Tratamento e Acompanhamento

A terapêutica inicial, na maioria dos casos, é não medicamentosa e se baseia em dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension). De acordo com a pediatra, a dieta consiste na redução do sal, das gorduras saturadas, do colesterol e gorduras totais, do consumo de carne vermelha, açúcares, bebidas ricas em açúcar, leite e derivados. “É importante estimular a ingestão de frutas, verduras e produtos sem gordura, grãos, peixes, aves e castanhas; além de incentivar a criança e o adolescente a mudar o estilo de vida, com boa alimentação e prática de atividade física.”

O acompanhamento deve ser feito pelo endocrinologista pediátrico, tanto no caso de hipertensão arterial de causa primária (sobrepeso ou obesidade), quanto naqueles casos de hipertensão arterial secundária às patologias endócrinas e/ou genéticas (Hipertireoidismo, Feocromocitoma, Síndrome de Cushing, Síndrome de Turner, Diabetes Mellitus tipo 2, Hiperplasia de Supra-renal e Hiperaldosteronismo).

No último dia 26 de abril, o tema hipertensão esteve em evidência na imprensa e nas mídias. A data marcou o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão, que busca conscientizar a população sobre os cuidados e os riscos à saúde que o problema pode trazer.