Nota SBP: Gestantes e Covid-19

A SBP produziu, recentemente, uma nota técnica para orientar os profissionais de saúde no atendimento do bebê e da mãe (com suspeita ou comprovação do novo coronavírus) durante o parto. Intitulado “Recomendações para Assistência ao Recém-Nascido na sala de parto de mãe com Covid-19 suspeita ou confirmada”, o documento traz as principais orientações do Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade.

A SBP destaca que o número de infectados pela Covid-19 no país vem aumentando a cada dia e que, com isso, a preocupação com alguns grupos – como as gestantes – também aumenta.

De acordo com o Dr. João Henrique Leme, membro do Departamento de Perinatologia da SOPERJ e do Departamento de Neonatologia da SBP*, essa nota técnica é fundamental para o pediatra que auxilia o recém-nascido na hora do nascimento. “Ela enfatiza os cuidados na prevenção de possível contaminação tanto do recém-nascido quanto dos profissionais envolvidos nesse procedimento.”

Ele esclarece que a infecção pela Covid-19 é uma doença nova e ainda com aspectos desconhecidos, ou pouco conhecidos, principalmente durante a gestação e no período neonatal. “Apesar da alta contaminação do vírus, ainda não há evidências de transmissão vertical como ocorre com HIV, sífilis e outros agentes infecciosos. Por conta ainda das poucas evidências científicas sobre infecções perinatais ou neonatais essas recomendações sofrerão atualizações constantes.”

Principais tópicos do documento

Na nota são abordadas as questões do preparo para a assistência (anamnese, local de atendimento ao recém-nascido, equipamentos, equipes e uso de EPI); clampeamento do cordão umbilical; assistência ao RN com boa vitalidade ao nascer; assistência ao RN que necessita de procedimentos de estabilização/reanimação neonatal; e transporte do bebê para Alojamento Conjunto ou Unidade Neonatal.

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Chances de transmissão após o parto

O médico explica que ainda não há comprovações científicas sobre transmissão vertical pela placenta ou pelo leite materno. Mas, o vírus poderá ser transmitido por contato físico ou por via inalatória na forma de gotículas. No caso de parto normal, o recém-nascido pode ainda ser contaminado na passagem pelo canal de parto ou contato com fezes maternas.

Quando a mãe tem suspeita ou confirmação do novo coronavírus algumas medidas de prevenção devem ser seguidas como: a higienização, principalmente das mãos (antes e depois do contato físico com o recém-nascido), e o uso de máscaras na hora de amamentar. “A amamentação deve ser estimulada e mantida por todos os benefícios já amplamente comprovados em relação aos aspectos imunológicos, nutricionais e emocionais”, afirma o pediatra.

Cuidados durante o parto

Dr. João ressalta que, neste momento, é extremamente necessário o uso de equipamentos de proteção individual por toda equipe (máscaras N95, óculos de proteção, capotes, luvas e protetores faciais).

Ao nascimento – pela possível contaminação do recém-nascido no canal de parto e pela possível presença do vírus nas secreções e excreções maternas – o contato pele a pele e o início da amamentação só deverão ser realizados após todos os cuidados de higiene e assepsia.

Sobre o clampeamento do cordão umbilical e as manobras de reanimação, esses procedimentos devem seguir normalmente as diretrizes preconizadas pelo Programa de Reanimação da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Segundo o pediatra, recomenda-se que o recém-nascido seja atendido em sala separada àquela onde está sendo realizado o parto ou então a uma distância de 2 metros da mãe, para evitar a contaminação por aerossóis.

E por fim, o transporte para o Alojamento Conjunto ou Unidade Intermediária ou UTI Neonatal deverá ser realizado em incubadora de transporte, e não em berço comum aberto.

*Dr. João Henrique Carvalho Leme de Almeida é membro do Departamento de Perinatologia da SOPERJ e do Departamento Científico de Neonatologia da SBP; médico neonatologista e coordenador da Residência Médica do Instituto Fernandes Figueira da FIOCRUZ.