O atendimento começa na sala de espera

Autor:Dra Eloísa Grossman

Para muitas crianças e, especialmente, para os acompanhantes, esperar a consulta é um desespero que nem mesmo as explicações para justificar os atrasos conseguem amenizar. Mas o tempo passado na sala de espera pode ser mais prazeroso se houver alguma distração. Nesse sentido, colocar à disposição alguns brinquedos, revistas e livros infantis são alguns artifícios que tornam a espera menos angustiante.
Nós pediatras, como educadores que também somos, devemos selecionar cuidadosamente aquilo que oferecemos.
Será que um bom livro é aquele que conta a história de um rapaz paraplégico, mas muito inteligente, ou um pássaro que não voa, mas é sabido e faz vôos imaginários? Ou ainda, o narigudo, mas criativo; a coelhinha manca, mas de bom coração. Ou o elefantinho de grandes orelhas, que passa a ser herói quando voa no picadeiro?
Ou quem sabe, a joaninha que nasceu sem bolinhas e ensina sobre o possível engano das aparências. Ou a bem humorada relação do menino com seu enorme nariz, ou o velho que escolhe continuar feio e manco porque essas são cicatrizes de uma vida vivida?
Sem dúvida, no primeiro conjunto percebe-se o reforço ao preconceito, nota-se uma enorme necessidade de compensação do personagem diferente/ portador de necessidades especiais para ser aceito no grupo. No segundo, aponta-se para a possibilidade da diferença compartilhada e, principalmente, apresentam-se as formas encontradas pelos personagens para enfrentar as desigualdades e continuarem o seu caminho.
A escolha é óbvia!
Destruir preconceitos e evitar estereótipos é um longo e acidentado caminho. Ao pediatra compete participar dessa trilha!
Fonte bibliográfica:
AMARAL, L A. Espelho convexo: o corpo desviante no imaginário coletivo, pela voz da Literatura Infanto-Juvenil. São Paulo, 1992. 106 p. Tese (Doutorado em Psicologia Social) – Instituto de Psicologia da USP,1992.
Dra Eloísa Grossman
Comitê de Ensino